“Em Trânsito” de volta à cidade

Sílvia Ferreira apresentou o programa para vários meios de comunicação. Foto da autoria de Tomás Quaresma.
Sílvia Ferreira apresentou o programa para vários meios de comunicação. Foto da autoria de Tomás Quaresma.
A Associação Cultural Quarta Parede apresentou a 5ª edição do “Em Trânsito”, um programa transdisciplinar de atividades artísticas descentralizadas na região. A conferência de apresentação decorreu na tarde do passado dia 3, no Condomínio Associativo II
Marca gráfica. Imagem da autoria de Raquel Fradique.
Marca gráfica. Imagem da autoria de Raquel Fradique.

Dentro do espaço da Quarta Parede, no centro da sala, sentada numa mesa e rodeada de quatro jornalistas, Sílvia Ferreira, uma das diretoras artísticas da associação, remexe e estuda as folhas que contêm as informações que pretende transmitir. Depois de uma breve ronda de saudações e de dois dedos de conversa entre todos, revelam-se os pormenores da nova edição do evento.

O “Em Trânsito – Artes Performativas para Novos Públicos” é um programa que “em 2024 realiza a sua quinta edição entre 18 de outubro e 21 de novembro”, diz-nos Sílvia. Dentro da identidade desta programação, desde o princípio, estão objetivos “como a descentralização da cidade da Covilhã para as aldeias e vilas do município; a mobilidade e a proximidade com as pessoas”.

As atividades decorrem na Covilhã e nas aldeias de Orjais e de Peso, em espaços de apresentação “convencionais e não convencionais”, como o Auditório do Teatro das Beiras, a Biblioteca Municipal da Covilhã e nos vários salões comunitários destas aldeias. Para facilitar o acesso, serão também mobilizados vários meios de transporte do município para as escolas das freguesias estarem presentes nas atividades que acontecem na cidade.

O programa conta com 12 sessões de acesso gratuito, nos formatos de espetáculo, espetáculo-oficina, sessões de contos e conversa. Integra projetos nas áreas do teatro, da dança, da narração oral e dos cruzamentos disciplinares, “estas últimas que agregam diferentes disciplinas artísticas ou até outras áreas”, esclarece Sílvia. São atividades que se direcionam a pessoas de todas as idades e que procuram envolver públicos intergeracionais, como grupos escolares, a população em geral e famílias. Existe um entendimento abrangente do que são os “novos públicos”, e isto inclui “crianças, jovens e todas as pessoas que ou estão pouco familiarizadas com as artes performativas contemporâneas ou que nutrem um grande entusiasmo por esta área”, explica Sílvia.

Tal como em edições anteriores do “Em Trânsito”, trata-se de uma programação que aborda assuntos sensíveis, a pensar em públicos específicos que, em alguns casos, também é participante. Acolhe projetos com temas de pertinência cívica, humana e pedagógica, criados por artistas com trabalhos reconhecidos, como é o caso de Claúdia Gaiolas ou Madalena Victorino. Para esta quinta edição, em particular, serão apresentados projetos que, segundo Sílvia, pretendem provocar a reflexão e a discussão sobre “o silenciamento e a invisibilidade de quem dificilmente fica na história ou chega a lugares de poder”.

 

Atividades para todos os gostos

 

O programa terá início no dia 18 de outubro com o espetáculo de teatro “Catarina Eufémia” de Claúdia Gaiolas, uma novidade do ciclo “Antiprincesas”, que marca presença mais uma vez nesta programação. Terá lugar na Biblioteca Municipal da Covilhã e conta com duas sessões: uma às 14h30 direcionada para o público escolar; e outra, no dia 19, às 15h00, dirigida ao público em geral, onde “focamos especialmente as famílias”, acrescenta Sílvia.

No dia 25 de outubro será a vez do espetáculo de narração oral “Partilhando Contos Tradicionais Portugueses” com António Fontinha, “um dos contadores de histórias com trabalho mais referencial na área da narração oral em Portugal”, de acordo com aquela responsável. Contará com duas sessões no Salão do Pavilhão de Multiusos do Peso: uma às 14h30 para a comunidade escolar; e outra às 21h30, dirigida à população local; mas que “também tenta captar público de outros sítios que vai acompanhando a programação”, continua Sílvia, “inclusive público do ‘Festival Y’ que também tem estado presente nestas atividades nas aldeias”.

A 31 de outubro será apresentado o espetáculo de teatro comunitário “Lembras-te da Guerra Colonial?”, do Laboratório de Artes Performativas Sénior da Quarta Parede, que tem como participantes um grupo de adultos acima dos 65 anos que cumprem as funções de cocriadores e intérpretes. Tem como tema um episódio marcante da história de Portugal, que ainda ecoa na atualidade e na vida de muitas pessoas, “como é o caso dos participantes deste Laboratório”, acrescenta Sílvia. Estreia às 21h30, no Auditório Teatro das Beiras, e é direcionado ao público em geral.

Dia 7 de Novembro, no Salão Comunitário de Orjais, Fábio Supérbi traz o património da tradição oral brasileira até à freguesia através das duas sessões de narração “Contos das Minas Gerais”, que decorrem às 14h30 para a comunidade escolar, e às 21h30 para a população em geral.

Depois, decorrem três sessões na Biblioteca Municipal da Covilhã, duas dia 15 de novembro para o público escolar, e uma no dia 16 para o público em geral, do espetáculo interdisciplinar “A Grande Viagem do Pequeno Mi”, de Madalena Victorino, inspirada na obra do mesmo nome, de Sandro William Junqueira, que junta “a dança, a música, a literatura e a ilustração para colocar a imaginação do público a trabalhar”. Trata-se de um espetáculo-oficina, que acontece à volta de uma grande mesa, com um público participante, onde “queremos captar miúdos e graúdos para que juntos participem nestas sessões”, acrescenta Sílvia.

Finalmente, o ciclo termina com o teatro de leitura encenada “Quem Matou o Meu Pai” de Luís Mestre, que parte do texto homónimo do escritor francês Edouard Louis, e aborda temas como a pobreza, a vergonha, a homofobia, e a “forma como medidas políticas podem condenar a vida de quem não tem poder económico”, de acordo com Sílvia. As duas sessões deste teatro decorrem no dia 21 de novembro no Auditório da Beira Baixa, com sessões para o público escolar e para o público em geral.

Todas estas atividades vão ser seguidas por uma conversa informal entre o público e os artistas, onde se procura “estimular ainda mais a participação e a reflexão sobre as atividades e os temas abordados”, especifica Sílvia.

Apesar da participação nestas sessões ser gratuita, numa missão de serviço público pelo acesso às artes e cultura, a inscrição dos grupos escolares é obrigatória através do contacto com a Associação Quarta Parede, pois “a lotação dos espetáculos é muito limitada”, esclarece Sílvia.

A direção artística da quinta edição do “Em Trânsito” é da própria Sílvia Ferreira, em conjunto com Rui Cena, que são os dois diretores da Quarta Parede; a responsável pela Produção e Comunicação dos espetáculos é Vanessa Costa; o Apoio à Produção é de Inês Gonçalves; a Coordenação Técnica é da responsabilidade de Ricardo Marques; e a Imagem Gráfica é da autoria de Raquel Fradique.

O programa conta com o apoio da Direção Geral das Artes e da Camara Municipal da Covilhã; e com o apoio da Junta de Freguesia de Orjais, do Teatro das Beiras, da Associação da Juventude do Peso, do Jornal do Fundão, do Rádio Clube Covilhã, e de outros meios de comunicação.

A Quarta Parede – Associação de Artes Performativas da Covilhã, é uma instituição sem fins lucrativos criada no ano de 2002. Encarrega-se da criação, mediação e programação de projetos ligados ao universo das artes performativas e cruzamentos interdisciplinares. Têm como propósito promover na Beira Interior a produção e criação artística, e contribuir para o acesso regular da população à criação, fruição e participação artística.

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