No dia 1 de dezembro, a Banda da Covilhã celebrou 154 anos de história com um dia repleto de atividades, refletindo a sua relevância cultural e social para a cidade. As comemorações continuam no próximo sábado, 7 de dezembro, com um concerto de gala no Teatro Municipal da cidade.
Fundada em 1870, a Banda da Covilhã tem atravessado altos e baixos, incluindo um incêndio devastador em 1992. Atualmente e há 12 anos que é presidida por Eduardo Cavaco que relembra os obstáculos e as transformações que ocorreram até aos dias de hoje. “Quando assumi funções como maestro em 2005, havia uma grave falta de músicos e de alunos na formação. Em seguida, enfrentamos carência de instrumentos, de fardas e, por fim, de uma sede”. Hoje, esta instituição é um marco incontornável no panorama filarmónico pela sua criatividade, inovação e capacidade de realização”. Na Banda da Covilhã “respira-se música diariamente, com novos projetos em constante desenvolvimento”, complementa o presidente.
Constituída por 55 músicos, com idades entre 10 e 43 anos, a banda é um reflexo de inclusão e diversidade. João Jacinto, tem 18 anos, é trombonista e faz parte da casa há 11 anos. Hoje ainda é membro porque “ acabou por se tornar uma família e é um sítio onde posso fazer uma coisa de que gosto bastante que é tocar trombone.“
No domingo as celebrações iniciaram-se com um pequeno almoço na sede da Banda da Covilhã, seguindo-se uma eucaristia na Igreja de São Francisco onde participaram músicos da banda e da Academia de música. As celebrações continuaram em frente à sede da banda, onde os músicos entoaram o hino da academia.
Em seguida, a banda rumou ao cemitério, onde prestou homenagem aos membros falecidos, relembrando as vidas que ajudaram a construir a história da instituição. O momento foi marcado por um minuto de silêncio e por discursos dos responsáveis da banda. O dia continuou com uma foto de família na Capela do Calvário e um desfile pelo centro histórico.
O espírito de união continuou durante um almoço de confraternização, que reuniu músicos, familiares e amigos para celebrar o aniversário.
Durante as comemorações, a banda deu as boas-vindas a dez novos músicos, incluindo dois jovens de 10 e 11 anos. Durante a tarde os novos artistas foram apadrinhados e batizados. Isabel Lopes, mãe de Mariana, uma das jovens estreantes, afirma que o momento foi de grande emoção: “Estou muito orgulhosa. A banda faz muito por todos estes jovens, e é pena haver tão pouca gente a valorizá-la. Hoje, ver a minha filha tocar e desfilar pela primeira vez, neste aniversário tão especial, é algo muito particular e emocionante para mim.”
A Banda da Covilhã é mais do que música, é um pilar da cultura para a Covilhã. Para Ana Sofia Marques, clarinetista há sete anos, a instituição “ é sem dúvida importante para a cidade que representa parte da nossa cultura e que pode levar a Covilhã a outras partes do país através da música e do associativismo.“ Esta opinião é partilhada por João Jacinto que afirma que “é um grande símbolo para a cidade e é um motivo de orgulho fazer parte dela. ”.
Para quem acompanha de perto a Banda da Covilhã, o impacto desta instituição vai muito além da música. É um espaço de preservação cultural e de forte união comunitária, onde várias gerações se encontram e partilham experiências marcantes. José Abreu, sócio da banda há 50 anos, é um exemplo vivo deste legado entre as gerações: “Eu tenho acompanhado muito a parte da juventude, que é muito importante para isso, trago lá dois netos e um filho que é diretor e a banda da Covilhã tem um impacto muito grande na minha vida”.
O sentimento de amizade é reforçado pela convivência entre todos os músicos. Ana Sofia Marques afirma que “a relação entre os músicos é sem dúvida de união e de partilha, todos nos damos bem uns com os outros, pelo facto de sermos unidos, fazermos música e criarmos momentos inesquecíveis”.
Além disso, a Banda tem desempenhado um papel crucial na formação de jovens talentos, através da sua Academia de Música, que acolhe mais de 100 alunos. As atividades educacionais abrangem várias idades, desde iniciativas para bebés até à formação de músicos. Para Eduardo Cavaco, a aposta na educação musical é fundamental e pretende “proporcionar formação musical de qualidade a crianças e jovens, oferecendo-lhes a oportunidade de aprender música independentemente da sua condição social”.
As celebrações dos 154 anos culminam no próximo sábado, 7 de dezembro, com um concerto de gala 100% português no Teatro Municipal da Covilhã, pelas 21:30h e contando com a presença de convidados ilustres, como Grupo de Cantares de Manhouce, a Tuna “Orquestra Académica Já b’UBI & Tokuskopus”, Margarida Geraldes (voz), Ângelo Barbosa (voz), Raquel Paixão (guitarra portuguesa) e o Coro Participativo da Banda, para uma viagem por diversos géneros da música portuguesa, incluindo música tradicional, fado, cante alentejano, música ligeira, pop e rock. Nomes icónicos como António Variações, Marco Paulo, Rui Veloso, Táxi, GNR e Xutos & Pontapés serão homenageados.