“Pide – 510 Presos no Concelho da Covilhã” é o novo livro de José António Pinho, que nasceu do desejo de transmitir aos outros a sua própria experiência e as lutas dos camaradas que com ele lutaram contra a ditadura, como o próprio sublinhou na apresentação do livro.
A obra foi apresentada numa cerimónia enquadrada nas celebrações do 51º aniversário do 25 de Abril, na Câmara Municipal da Covilhã, que contou com a presença de diversos oradores.
O autor de “Pide – 510 Presos no Concelho da Covilhã” defende que obras como esta são importantes pois “é imprescindível sabermos um pouco da nossa história”. “Eu sei o que é estar preso numa prisão sombria, sem direitos absolutamente nenhuns, sendo massacrado e humilhado”, disse.
O livro relembra e honra as 510 pessoas do conselho da Covilhã, algumas delas esquecidas com o passar do tempo, mas que como José Pinho sofreram e lutaram pela liberdade. Como diz na obra, “três vezes fui preso por lutar pela liberdade do meu país, fui torturado, chorei e sofri, quase enlouqueci, mas não traí”.
José Martinho Marques, um dos apresentadores da obra, considera que a obra “é importante, principalmente para as gerações mais novas, para que saibam o que custou conquistar a liberdade de que hoje usufruímos”, realçando que foi “nas histórias locais, como a deste livro, que a resistência viveu”.

Nesta cerimónia recordou-se o passado e aqueles que lutaram contra a ditadura como João Casteleiro, fundador e militante destacado do Partido Socialista, que usou da palavra na apresentação desta obra. Também ex-preso político da PIDE, garantiu que “vivemos numa época em que querem apagar a história que vivemos. Mas é uma história trágica, em que vivíamos numa ditadura que, de facto prendia, torturava, matava, perseguia e eramos escravos da vontade de um ditador. E que bom ter aqui um livro para recordar esse passado”. Defendeu ainda que “quem não conhece a história não é capaz de viver o presente e, muito menos, de defender princípios e valores que são fundamentais na vida humana”.
“Pide- 510 Presos no Concelho da Covilhã” relembra, de forma simples e em 100 páginas aqueles que durante anos foram “escravos da vontade de um ditador” num regime que oprimia, perseguia e matava, mas que lutaram pela liberdade que viria a ser conquistada a 25 de Abril de 1974.