Esta é a história de um homem refugiado que viu a sua vida desmoronar-se, e que parte, como tantos outros, em busca de um futuro melhor. O projeto “Refugiado” é muito particular para o artista, em vários sentidos, uma vez que é escrito, concebido e representado por si mesmo. Durante o processo de preparação da personagem, um dos seus maiores desafios foi encontrar uma ponte entre as suas preocupações e o objeto artístico, pois acredita que a arte tem a obrigação de refletir os assuntos críticos e dolorosos da sociedade e da vida das pessoas. Esse é um dos objetivos da peça: “confrontarmo-nos com um ser que apesar de passar por algumas situações particulares, ele é um refugiado universal, ou seja, pode representar todos os refugiados do mundo”, disse Paulo Matos.
Esta encenação pretende, também, ultrapassar a ideia de refugiado, ou seja, representar as dimensões de refugiado que muitos têm na sua própria vida, foi isso que a personagem foi fazendo ao longo do espetáculo: provocar uma dimensão de refugiado no espetador.
É uma chamada de atenção para a sociedade ocidental, a plateia é levada a colocar-se no papel da personagem e a refletir sobre as dificuldades que a mesma vai encontrando durante o caminho. Ana Santos, aluna do curso de Ciências da Cultura, referiu que esta peça “lembra o quão privilegiados somos e não nos damos conta disso, e que o próprio espectador sente-se culpado pelo refugiado”.
O ator diz que o feedback recebido tem sido maravilhoso, e que o facto de as pessoas se comoverem significa muito para si. O calor do público fez-se sentir na noite de sábado, o ator diz ter sido recebido como família e que este é, sem dúvida, um projeto que pretende levar a mais salas do país, durante muito mais tempo.
Ainda este mês, no dia 30 de março, Urbano Sidoncha apresentará o seu livro “Cultura Reconsiderada” no TMC, encerrando assim o programa de março.