O novo espetáculo do Kayzer Ballet desperta emoções porque associa a dança a símbolos característicos da região. Tanto a roupa dos artistas, feita de renda, como o instrumento de percussão regional usado, o adufe, se destacam numa cenografia minimalista.
O espetáculo contou com a participação dos Bandua, banda composta por dois elementos, o covilhanense, Edgar Valente e Bernardo d’Addario (conhecido por Tempura), que participou na última edição do Festival da Canção. A banda convidada transmite uma elaborada junção musical com raízes da beira baixa e música eletrónica.
Com a plateia do teatro cheia, “Babel” foi seguida por um público interessado que se manteve em silêncio absoluto durante uma hora de espetáculo.
No final, as opiniões dividiam-se. “Quanto a mim o espetáculo insere-se um pouco no espaço vanguardista, muito moderno, uma dança pouco descaracterizada, é a minha opinião, não gosto de coisas muito vanguardistas”, disse Carlos Ramos.
Já Graça Ramos tem uma opinião diferente e incentiva a modernização da cultura na região. “Nós estamos um pouco desabituados deste tipo de espetáculos e acho que quantos mais fizerem, melhor é. A cultura deve ser treinada, é como a leitura ou como a música: se a gente não ouvir ou não ler também não evoluímos. É importante independentemente de não agradar a todos.”, conclui.
A Kayzer Ballet, fundada em 2014 por Ricardo Runa, conta com seis bailarinos de diferentes nacionalidades, é a primeira Companhia de bailado jovem profissional em Portugal e gere uma escola de dança sediada na Covilhã. O grupo concorreu ao Got Talent Portugal em 2016 e chegou à final.
No fim da performance, Ricardo Runa subiu ao palco para, juntamente dos artistas, agradecer à plateia, expressando a sua felicidade por ver o teatro tão cheio a uma quinta-feira à noite. O coreógrafo e fundador da Kayzer Ballet falou ainda da importância da cultura no interior do país.