Na versão atual a peça é interpretada por Sónia Botelho, como a personagem principal Fan Chin Ting; Bernardo Sarmento como Hsueh Li, marido de Fan Chin-Ting; e Paulo Monteiro e Miguel Brás como guardas da muralha.
Tankred Dorst conta-nos uma história situada no Antigo Oriente onde Fan Chin-Ting, personagem principal, procura o seu marido Hsueh Li que foi levado nas fileiras do exército do imperador. Neste desafio, enfrenta obstáculos como a luta contra a opressão.
Arlindo Dinis fez parte do Teatro das Beiras, antigo GICC e recorda a primeira encenação da peça de Tankred Dorst como se fosse ontem: “Trabalhei no teatro, não era ator mas entrei nesta peça porque um dos atores da peça adoeceu e até foi uma vergonha porque não sabia aquele texto e tinha de estar alguém a servir de ponto. ”
O covilhanense Miguel Brás estreia-se este ano na companhia e contou que trabalhar com a equipa foi uma experiência muito positiva: “São pessoas com mais experiência do que eu e que me ajudaram em tudo o que eu precisava.”
“Para mim o importante é que os textos tenham algo a dizer ao público na atualidade. E textos como este servem para alertar, mostrando que a liberdade é muito importante”, expressa Sónia Botelho, protagonista.
“Acho a peça bastante relevante tendo em conta o período que atravessamos. Com os 50 anos do 25 de Abril, faz todo o sentido porque via-se muito essa distância e hierarquia da sociedade. É interessante fazerem esta recuperação e os temas continuarem a ser relevantes, houve uma evolução positiva mas há certas coisas que se aplicam na mesma”, aponta Rita Rodrigues, espetadora.
Sónia Botelho faz teatro há 28 anos e lamenta as dificuldades no setor da cultura: “Há sempre falta de apoios e infelizmente quando chega à parte da cultura, esta não é uma prioridade, mas devia pois a cultura faz parte de nós, daquilo que somos em comunidade”
Neste seguimento, Rita Rodrigues confessa que ainda existe algum preconceito com as artes no geral, “está muito enraizada a ideia de que a cultura não dá emprego. Se calhar há pessoas com talento para as artes e não o exploram porque não tiveram oportunidades. Havendo mais opções e mais condições, se calhar havia mais gente a apostar nas artes.”
Fazer teatro no interior é um enorme desafio segundo Sónia Botelho: “As companhias têm um trabalho muito mais dificil porque para além de terem um publico menor, é mais dificil de conquistar”. Miguel Brás acrescenta que “estes cantinhos, como o Teatro das Beiras, por muito pequenos que sejam são fundamentais para a sobrevivência do teatro, principalmente no interior”
Na Covilhã a peça foi encenada dia 29, 1 e 2 de março e 8,9 e 10. Seguem-se apresentações em Faro dia 16; em Castelo Branco, dia 23; e Seia, dia 27, ainda no mês de março.