A visitar a Covilhã pela primeira vez, Rosa Proença, além de dar detalhes sobre o processo de produção da obra, aproveitou para revelar algumas curiosidades do seu percurso profissional, exprimir opiniões relacionadas com o 25 de Abril, e responder a perguntas.
O livro, alusivo aos 50 anos da Revolução dos Cravos, conta a história de Bernardo, um menino que almeja ser livre para não ir à escola, e dessa forma, aprende aos poucos o valor da liberdade. Este é o segundo livro infantojuvenil publicado por Rosa Proença, licenciada em Filosofia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas de Braga.
O livro foi editado pela Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática (APEFP), e abordou temas como a libertinagem, caracterizada como o mau uso da liberdade, e a responsabilidade, enfatizada pela escritora como um conceito inseparável da própria liberdade. Rosa Proença disse não ser fácil desenvolver um tópico desta natureza por ser metafísico, o que a desafiou a tratá-lo de uma forma simples para levar os leitores a perceberem que todos são livres. Porém, no final questionou a audiência: “Estaremos preparados para assumir as consequências dos nossos atos?”.
Tendo como objetivo entregar uma mensagem reflexiva, o livro de Rosa Proença, dedicado ao seu neto, Ariel, publicado no verão 2023, termina com a pergunta do título da produção e foi ilustrado por Ana Faria. O tema da narrativa explora o pensamento dos pequenos em acharem a escola uma “chatice”. “Se calhar os métodos de ensino já não são adequados às crianças de hoje”, disse Rosa Proença, destacando que elas podem ter habilidades criativas, mas o sistema educativo atual talvez não esteja preparado para este tipo de jovens.
No período de perguntas, Sandra Mendes, funcionária da biblioteca municipal, partilhou a sua ideia de que atualmente os mais novos têm preguiça de pensar porque o acesso à informação é demasiado fácil. Na resposta, Rosa Proença recomendou que as crianças façam exercícios metacognitivos, refletindo sobre as aprendizagens.
Ainda sobre a educação, a escritora sublinhou que o fator-chave para a liberdade moral é o conhecimento: “quanto mais tivermos, mais o leque de escolhas se abre”, disse a Rosa Proença. Destacou, ainda, que uma pessoa com maior instrução tem uma mente mais esclarecida e, por este motivo, muitos governos desaprovam a ida da sociedade a escola.
Esta sessão de apresentação, que decorreu no Tortosendo, às 18h, foi moderada por Silvia Fonseca, coordenadora da Escola Básica de Tortosendo. Antes, a autora teve sessões com crianças do primeiro ao quarto ano escolar do Teixoso, e com estudantes do ensino superior.
Esta palestra aconteceu no âmbito da celebração do 25 de abril, e um conjunto de ações promovidas pela biblioteca municipal da Covilhã.