A investigadora de Pós-Doutoramento na UBI, Tatiana Dourado, explica-nos que “a aula aberta foi organizada pelo Doutor Pedro Jerónimo, o responsável pela disciplina de Géneros Jornalísticos com a intenção de fazer com que os alunos tivessem contacto com a produção científica de pesquisadores da área”.
Igor Savenhago, esclarece que o objeto de investigação da tese foi “observar como os jornalistas brasileiros com mais de 60 anos se estão a adaptar às transformações tecnológicas, entender como os profissionais se percecionam dentro da carreira, e se essa visão é compatível com a forma de como a sociedade brasileira enxerga o trabalho jornalístico, que aproximam a uma ocupação semelhante à de um herói”.
Durante a investigação com os próprios profissionais, Igor percebeu que “há uma visão bastante diferente: os jornalistas demonstram muitas características e necessidades humanas e precisam de uma rede de proteção, melhores ambientes de trabalho e condições para criar uma melhor capacitação tecnológica”.
Acrescenta ainda que “uma palavra que definiria o jornalista brasileiro na atualidade é “crise” no sentido de transformação. “É um profissional que está a transformar-se de uma forma rápida, intensa, que procura adaptar-se e que vai precisar de definir novos rumos; então eu vejo o profissional no meio de uma “crise de identidade”, pois as tecnologias de comunicação estão a evoluir diariamente.”.
Guilherme Pais é aluno do segundo ano da Licenciatura de Ciências da Comunicação na UBI e aspira ser jornalista. Opina que “temos de ver os profissionais mais velhos como uma mais valia, pois eles têm mais experiência” e acredita que “o jornalismo vai acabar por virar para a vertente digital e os meios de comunicação em papel vão ser cada vez menos utilizados pois os novos meios são mais rápidos.”.
Ao longo da aula foram também abordadas várias problemáticas adjacentes ao tema, como o preconceito contra as pessoas mais velhas, o sexismo e a discriminação racial, nomeadamente contra pessoas negras.
Em relação a um balanço da palestra, Igor considera que “superou as minhas expectativas. Não foi só uma explicação, mas um processo interativo de diálogo e de trocas, o que me deixou muito satisfeito”. Tatiana Dourado acrescenta ainda que “acredito que o trabalho do Professor Igor interessou aos estudantes de uma forma geral. Foi uma aula muito envolvente que provocou reflexões nos alunos e isso é o mais importante”.
Igor Savenhago realizou o Doutoramento na Universidade Federal de São Carlos, no Brasil. Publicou o livro “Jornalistas 60+” onde expõe as descobertas da investigação que elaborou. Atualmente está a efetuar um Pós-Doutoramento na Universidade Fernando Pessoa, onde pretende investigar a realidade jornalística em Portugal. Para além disso, exerce a profissão de jornalista há mais de 20 anos para vários órgãos de comunicação social e tenta “manter sempre um pé no mercado”.