Alçada Baptista recordado na Covilhã

António Alçada Baptista foi homenageado na Biblioteca Municipal da Covilhã no último sábado, no âmbito de uma das sessões do projeto “A Moraes”, organizado pela Alma Azul, uma produtora de eventos culturais literários em bibliotecas municipais.

Elsa Ligeiro, jornalista, editora e produtora dos eventos culturais da Alma Azul explica que o objetivo deste evento é relembrar e homenagear os poetas e editores portugueses: “Começamos as sessões no dia 27 de novembro, no nosso aniversário, na casa Fernando Pessoa, onde homenageamos Hermínio Monteiro da editora Assírio & Alvim, André Jorge das edições Cotovia, e agora Alçada Baptista, uma figura inspiradora pelo seu investimento em poesia, enquanto fundador da coleção Círculo de Poesia nos anos 60.”  

Na sessão participaram Ana Alçada Baptista, Maria Fernanda e Regina Gouveia. Oliveira Martins, amigo do homenageado, protagonizou uma intervenção em vídeo pré-gravada onde enalteceu as características de Alçada Baptista, como o seu afeto, e o seu trabalho em prol da preservação da liberdade e da cultura. 

Foi com muita emoção que Ana Alçada Baptista, filha do escritor, falou da relação que com ele mantinha: “Eu admirava muito o meu pai porque ele dizia que não nos deveríamos queixar, mas seguir em frente”. Para Ana, o pai transmitia serenidade, paz, e enalteceu a sua capacidade de entender a essência das pessoas: “Ele observava as pessoas com muita profundidade”, conta. 

Maria Fernanda começa por caracterizar seu velho amigo como “muito bom” a ler as pessoas: “O António dizia que eu era ingénua…agora crescida, vejo que ele tinha razão”.  Relembra-o como um ótimo contador de histórias: “Eu acolhi-o na minha casa em Madrid, e recordo os pequenos-almoços, em que ele contava as histórias de uma maneira tão cativante, era tão elegante e gentil”. 

Fernanda comenta que Alçada Baptista deveria ser relembrado como presidente do Instituto Português do Livro, divulgador da cultura portuguesa, lutador pela liberdade e tradutor de primeiras edições de livros em Portugal. 

Regina Gouveia, vereadora da Camara Municipal da Covilhã, não tendo contactado com Alçada Baptista em vida, afirma que foi um privilégio “conhecê-lo” na sua perspetiva “pública” considerando que “era uma pessoa que valorizou o pensamento e a escrita, bem como os artistas à sua volta, um grande defensor do humanismo e do ser humano”. 

Durante a homenagem, leitores da biblioteca recitaram poesia de vários autores portugueses, como “Tudo era possível” de Ruy Belo, e “Pessoas sensíveis”, de Sophia de Mello Breyner. 

De acordo com Elsa Ligeiro, ainda faltam alguma sessões para concluir este ciclo de homenagens: “A próxima será em Vila Viçosa, para relembrar os 130 anos de Florbela Espanca, e no dia 19 homenageamos Alexandre O´Neill na Biblioteca Municipal de Beja, pois o poeta nasceu exatamente a 19 de dezembro de 1924 e faria 100 anos”.

 

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