Entrelaçar Pessoas na Oficina “Tecelagem Manual”

Andreia Félix deu uma breve lição sobre tecelagem. Foto da autoria de Tomás Quaresma.
Andreia Félix deu uma breve lição sobre tecelagem. Foto da autoria de Tomás Quaresma.
O Serviço Educativo do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior (UBI) promoveu a Oficina Criativa “Tecelagem Manual”, na tarde do passado dia 28, na Real Fábrica Veiga.
Um dos participantes utilizou um liço para entrelaçar os fios no tear seguindo o método de tafetá. Foto da autoria de Tomás Quaresma
Um dos participantes utilizou um liço para entrelaçar os fios no tear seguindo o método de tafetá. Foto da autoria de Tomás Quaresma

Na sala dos Ateliês Têxteis, os 15 participantes são sentados numa longa mesa onde estão colocados alguns teares e outros equipamentos de tecelagem. No centro do estúdio, Andreia Félix, Técnica Têxtil e Coordenadora das Atividades do Serviço Educativo do Museu, começa uma pequena lição sobre tecelagem: existem três estruturas a explorar nesta sessão, o tafetá, o mais básico, caracterizado pelo entrelaçamento alternado, dos fios da trama (os que passam na horizontal) e da teia (os fios esticados nos teares na vertical); a sarja, onde a trama passa sob dois fios sequenciais da teia e sobre os dois seguintes, criando um padrão de linhas diagonais paralelas que lhe é característico; e o cetim, que se distingue pela passagem do fio da trama sob um fio da teia e sobre os quatro fios seguintes, o que dá origem a tecidos mais fluídos onde de um lado são visíveis os fios da teia e do outro os da trama, devido à descontinuidade e ao número reduzido de ligamentos.

Aos participantes, são distribuídas três folhas. Duas resumem o que foi dito, de modo a os ajudar na atividade, e uma é uma ficha de trabalho onde podem registar o seu progresso. Apesar do intuito ser tecer uma carteira (algo que nenhum dos elementos conseguiu completar), a criatividade é sempre bem-vinda e os participantes são livres de experimentar qualquer combinação de cores.

A ideia também era promover a economia circular, transformando os recursos locais já usados em novos produtos. As oficinas já se iniciaram há alguns meses. Começaram pelo tricô e pelo crochê e, chegou a altura de alargar as técnicas à tecelagem. “Como formadoras, monitorizamos e ensinamos as noções básicas da tecelagem”, diz Andreia Félix.

Para além disso, um dos propósitos desta sessão, foi o convívio e a criação de laços entre os participantes. Amélia Gomes, funcionária do Centro de Documentação do Museu de Lanifícios da UBI, que também foi formadora nesta oficina, aprofunda esta faceta e diz-nos que o intuito foi, inclusive, “juntar as pessoas, que estão cada vez mais isoladas, de forma a promover um convívio, onde, ao mesmo tempo, se aprendesse e se conseguisse adquirir outros saberes”. Acrescenta que “estes workshops são orientados para todos os que queiram partilhar os seus conhecimentos e adquirir novos”.

Uma das participantes foi Mafalda Barata. Trabalha na Câmara Municipal da Covilhã e no projeto educativo “EU SOU +” onde se levam atividades ligadas às artes e design a estabelecimentos de ensino pré-escolares e de primeiro ciclo. Decidiu participar sem reservas: “tenho interesse nesta área e porque vamos desenvolver um projeto com as crianças que tem por base a construção dos teares manuais e a aplicação destas técnicas”. Opina que “a liberdade de termos um pouco de criatividade é o mais interessante”.

Já a aluna da licenciatura em Design de Moda da UBI, Catarina Santos, escolheu comparecer na oficina de forma a “expandir o conhecimento ligado moda”, de maneira a, no futuro, “ter um trabalho único ligado à área”. Tomou conhecimento da sessão através do Instagram, e considera que foi “uma experiência nova e divertida”, onde “deu para descobrir um pouco da familiaridade que existe neste grupo, algo que é um bocado difícil de encontrar hoje em dia”.

Em relação a um balanço final, Andreia Félix diz que “[a oficina] ultrapassou todas as expectativas; claro que já conhecíamos alguns dos participantes de oficinas anteriores, mas foi de facto muito bem conseguida”, no entanto “há sempre espaço para melhorias e vamos trabalhar para alcançar mais de modo a conseguir ter mais rapidez na conceção das peças”.

Os materiais utilizados durante este workshop foram disponibilizados pela empresa covilhanense J Gomes, uma instituição dedicada à reciclagem de resíduos têxteis. Amélia Gomes acrescenta que “tem sido a entidade que nos tem ajudado com a doação de materiais para podermos desenvolver estas atividades”.

Estas oficinas funcionam à base de um regime de inscrições, sendo que a próxima sessão com este grupo está prevista para o dia 26 de Outubro, entre as 10h e as 18h, com uma intermissão para almoçar às 13h:30m.

O Museu de Lanifícios da UBI foi criado com a finalidade de salvaguardar a área das tintureiras da Real Fábrica de Panos. É um museu de ciência e tecnologia, e tem por missão a salvaguarda e a conservação ativa do património industrial têxtil, assim como a investigação e divulgação das tecnologias associadas ao processo de industrialização dos lanifícios.

Método da sarja. Foto da autoria de Tomás Quaresma.
Método da sarja. Foto da autoria de Tomás Quaresma.
Método do cetim. Foto da autoria de Tomás Quaresma.
Método do cetim. Foto da autoria de Tomás Quaresma.
Sessão de lanche. Foto da autoria de Tomás Quaresma.
Sessão de lanche. Foto da autoria de Tomás Quaresma.

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