“Guião para um País Possível” na Covilhã

Fonte: Revista Visão
Fonte: Revista Visão

A peça “Guião para um País Possível”, dirigida por Sara Barros Leitão, e interpretada por João Melo e Margarida Carvalho, subiu ao palco no dia de 5 de outubro, no Teatro Municipal da Covilhã. Trata-se de uma obra incluída no programa “Odisseia Nacional”, projeto organizado pelo Teatro Nacional de D.Maria II, com uma programação pensada para todo o país. 

A “Odisseia Nacional” começou com a requalificação do teatro Rossio em 2023 e neste momento alcança todo o país, envolvendo cerca de 90 municípios. Com o objetivo de “democratizar exponencialmente a oferta teatral e aproximar novas linguagens artísticas ao publico”, este projeto consiste numa exposição, e cinco programas: peças (espetáculos de teatro), atos (projeto de participação), frutos (atividades para o publico escolar), cenários (eventos culturais de pensamento e reflexão), e nexos (formação).

O espetáculo começa antes mesmo de o público entrar no auditório. No corredor, inesperadamente, ouve-se uma voz que convida a entrar. Ao chegarmos, vê-se um grande fundo castanho com linhas desenhadas, sugerindo que o espaço representa a assembleia parlamentar. No palco, duas pessoas olham para o público, como se estivessem a observar e a tomar notas. Em seguida, trocam de roupa e a sessão da assembleia tem início. O que começa com luzes claras no cenário, acaba com cores escuras num ambiente em que caos e incerteza dominam o palco e uma montanha de dois metros de cadeiras, empilhadas umas em cima das outras.

A peça mostra a visão dos dois funcionários que relatam e transcrevem uma assembleia inteira. A partir daí reconta, através de discursos e intervenções políticas, a história da democracia portuguesa nos últimos 50 anos.  Traz temas nunca esquecidos ou histórias que ficaram no seculo XX, como a visita da deputada italiana Cicciolina.  

A produção pretende gerar uma maneira interessante de apresentar a evolução democrática de Portugal, mas é nos atores que se destaca o brilho da peça.  Não sendo uma tarefa fácil transformar discursos numa história com início e fim, João e Margarida conseguiram transmitir através do olhar e da linguagem corporal mensagens e referencias significativas de um determinado período político.

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