Os serviços de táxis já existem em Portugal desde o início do século XX e ao longo dos tempos, e com o avanço da Internet, foram surgindo outros meios de transporte que se propuseram a trazer alternativas aos serviços de táxis, agora considerados antiquados por muitos, por não terem uma presença online. Um destes competidores é o serviço Uber, fundado em 2009, que acabou por chegar a Portugal em 2014, que rapidamente se tornou um dos maiores serviços de transportes a nível nacional e internacionalmente causando um grande impacto nos serviços de táxis, por ser considerado, por muitos, como mais acessível e quando comparado com os preços dos táxis, mais barato.
Competição táxi versus Uber
Quando requisitados por ambos os serviços, táxi e Uber, para fazer uma viagem entre a faculdade de Artes e Letras da UBI e a rua da estrada da fábrica velha, ambos percorreram o percurso em cerca de 4 minutos, mas as semelhanças apenas passaram desta. A nível do preço da viagem, o serviço de táxi cobrou 5 euros na viagem, enquanto o serviço Uber apenas cobrou 3.95. euros Ambos percorreram o mesmo percurso a nível de estradas que optaram utilizar para chegar ao seu destino.
O veículo da Uber apresentava um aspeto mais comum, sendo dificilmente identificado como um veículo de serviço. Por outro lado, o táxi era facilmente identificado pelas suas características singulares a um serviço de transportes especificamente pertencentes aos táxis. Em relação ao nível de conforto, novamente o táxi foi superior, já que o Uber dava uma sensação claustrofóbica, talvez devido à falta de simpatia que o motorista Uber em causa apresentou perante o cliente através do silêncio “ensurdecedor” originando um clima de desconforto e de que este apenas estaria a tentar ganhar o seu “pão”. Por outro lado, o motorista do táxi, demonstrou logo bastante simpatia para com o cliente, iniciando logo uma conversa acerca do estado do tempo no dia em causa. Esta atitude acrescentou imediatamente um tom mais leve que quando associado à existência de um maior espaço no interior do veículo, fez com que a viagem passasse num “piscar de olhos”. Importante destacar que este último ponto pode ser visto como subjetivo, já que tanto o taxista como o motorista da Uber são uma variável que pode ser mais ou menos positiva conforme o motorista.

Vida de um taxista
Os serviços de táxis, apesar de continuarem a ser um importante meio de transporte, foram altamente afetados desde o surgimento de outras plataformas de transporte de passageiros como a Volt e a Uber, ficando cada vez mais em dificuldades em termos de remuneração monetária face aos níveis extremos que originaram com esta competição. Mas será que esta competição é justa? Será que existem outras diferenças a nível da formação e preços?
Fernando Barrocas, taxista covilhanense, há mais de duas décadas, aponta para uma grande diferença a nível da formação exigida entre os motoristas de táxi e outras plataformas, e acrescenta que considera injusto os taxistas terem de passar por um processo de formação que chega às 125 horas, paga pelos mesmos, antes de serem considerados aptos para realizarem o serviço enquanto que os motoristas Uber não apresentam um grau de exigência de formação tão elaborado como a dos táxis. Fernando aponta ainda para uma falta de lealdade a nível dos preços dos serviços Uber, quando comparados aos táxis, já que enquanto os táxis apresentam preços fixos, os preços da Uber variam conforme a hora e a afluência ao serviço.
Na realidade, apesar do que se pensa, os Uber passam também por um processo para poderem estar aptos para serem considerados motoristas da Uber. Precisam de estar registados como operadores na TVDE, sistema que requer uma formação de cerca de 50 horas. No que toca aos preços realmente os Uber variam devido a diversos fatores como a demanda, hora e dia e conforme o veículo que será utilizado pelo cliente.
Fernando afirma que se tornou taxista apenas por fruto do mero acaso, e admite que começou a praticar a profissão por ser est a ser uma forma de entretenimento, para além de ganhos monetários, mas que acabou por ficar. Destaca ainda que apesar de às vezes haver clientes “menos simpáticos” existem casos de pessoas que considera como uma motivação para fazer o que faz.
Uber x Táxi: Perspectivas Reais Sobre um Debate Atual
Com o crescimento dos aplicativos de transporte como a Uber, a comparação entre esse serviço e o tradicional táxi tornou-se inevitável. A partir de conversas com utilizadores, foi possível perceber como as percepções variam e como o debate vai além do preço, sendo referidos temas como segurança, acessibilidade e até a formação dos motoristas.
Um dos entrevistados, Jeremias Silva, estudante de engenharia mecânica, afirma que a sua confiança está nos serviços Uber e que vê nestes uma solução prática e segura. Segundo ele, o aplicativo proporciona mais tranquilidade por permitir o rastreamento da viagem e a possibilidade de partilhar o trajeto com alguém. Um dos pontos que mais valoriza é a economia: “O Uber acaba sendo mais barato e prático. Já precisei cancelar uma viagem de táxi porque demorou muito e o valor era muito mais alto”, acrescentou.
Levantou também críticas à comunicação com motoristas de táxi, dizendo que muitos não falam bem outras línguas para além do português, o que pode dificultar a experiência do passageiro. Além disso, Jeremias destacou que o Uber oferece um preço fechado desde o início, ao contrário do táxi, que funciona com taxímetro, o que, segundo ele, pode encarecer a corrida, principalmente em situações de trânsito .
Outro sujeito entrevistado, Dinis Santos, afirma preferir utilizar táxi devido à acessibilidade que este dispõe relativamente à Uber, visto que tem de ser marcada previamente viagem. Acredita também que os motoristas da Uber deveriam ter uma melhor formação porque muitos não sabem falar português, o que gera uma barreira linguística muito grande.
Deixa ainda uma sugestão de uma possível adaptação dos serviços de táxis ao meio tecnológico.
Consequências para os taxistas
Esta competição, entre setores dos serviços de transporte, deu origem a uma decadência enorme a nível de ganhos monetários por parte dos motoristas de táxis, dando por si a um abandono por parte dos praticantes desta profissão por falta de remuneração. Recentemente tem ocorrido, por todo o mundo, protestos por parte dos taxistas de forma a demonstrar o seu descontentamento perante a injustiça que estes acreditam sofrer relativamente a outras aplicações de transportes.

Apesar das aplicações de transportes terem crescido muito nos últimos anos, isto pode ser visto como uma pressão saudável aos serviços de táxis já que propõe um ambiente de constante adaptação às novas exigências do mercado. A grande disparidade em termos de formação, condições e preços levanta questões sobre a igualdade de concorrência. Por um lado existe quem valorize mais a acessibilidade e praticidade dos serviços das aplicações e por outro a quem permaneça a lealdade e reconheça a importância da experiência e regulamentação mais rigorosa dos taxistas. Este cenário reflete uma transformação inevitável, mas também a necessidade urgente de diálogo, atualização e talvez até de regulação mais equilibrada, para garantir que todos os profissionais do setor tenham as mesmas oportunidades num mercado cada vez mais competitivo. A realidade está em evolução, a questão é quem a vai a acompanhar