Podcast “Abril e Eu” nomeado para os prémios Podes

Projeto da autoria de alunos de jornalismo da UBI está listado na categoria "Questões Sociais"

“Se os filhos de Adão pecaram, os da Covilhã sempre cardaram. O ditado é antigo e há quem o repita nesta viagem pelos tempos de ditadura. Voltamos aos dias em que o fumo da indústria manchava a paisagem serrana, pela mão de Garra e Viseu. Ninguém os conhece por outros nomes, foram operários a vida toda. Guardam com nitidez a luta de uma classe que tentavam calar antes do 25 de abril”. Esta é a sinopse do podcast  “Abril e Eu”, da autoria de alunos do atelier de jornalismo (mestrado) da UBI, que está nomeado para os prémios Podes, na categoria “Questões Sociais”. Os vencedores são conhecidos este sábado, 1 de fevereiro.

Trata-se de um projeto desenvolvido pelos alunos de jornalismo Raquel Sequeira, Patrícia Vilela e João Lima com colaboração de Isabella Cavalcanti  em abril de 2024 sobre as memórias da Revolução do 25 de abril na Covilhã, uma série inédita sobre o tempo da repressão na cidade do têxtil e a esperança de Abril, “ancorada em tantos momentos de luta simbólica”, pode ler-se na introdução do podcast.

O projeto nasceu de um trabalho feito para o REC – Repórteres em Construção, sob orientação do professor assistente convidado da FAL e jornalista da RTP José António Pereira, que não tem dúvidas em afirmar que se trata de “mais uma boa notícia estarmos nomeados entre uma lista de bons podcasts feitos quer pelas rádios portuguesas quer por apaixonados por histórias que colocam entusiasmo em projetos novos”.

O docente sublinha que este projeto “nasceu de um trabalho para o REC – Repórteres em Construção que, pela limitação de tempo, deixou muito material de fora. O que fizemos foi tratar esse material numa série documental sobre a forma como o regime salazarista deixou marcas na Covilhã e na forma como a Revolução foi vivida. Exploramos a luta no feminino, a repressão a presos políticos, a luta têxtil, a guerra colonial, e o nascimento da UBI nesses pedaços de liberdade, há 50 anos”, refere. “É, acima de tudo, um documento marcante que fica para a memória de todos com testemunhos na primeira pessoa. Ficamos também muito felizes de, na altura, além de termos publicado na RUBI, termos tido o apoio da RCB e do Jornal do Fundão, que também emitiram/publicaram este trabalho de estudantes de jornalismo”, destaca.

Para Patrícia Vilela, uma das autoras, “o ‘Abril e Eu’ é um projeto especial pela razão que o motivou e pelas pessoas que nos deu oportunidade de conhecer. Os dias longos de pesquisa, as conversas de ficar com a lágrima no olho e a hospitalidade com que fomos recebidos por cada um dos entrevistados deu-nos uma motivação particular”, garante. “Esta nomeação vem dar-lhe um gosto diferente, que sempre acreditámos que merecia, por todas as histórias de luta que merecem ser contadas e de que estamos muito felizes por terem sido ouvidas. É uma prova de que o esforço é sempre recompensado de alguma forma e é motivação para querer fazer mais e melhor com as histórias que encontramos”, sublinha a aluna.

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