Na passada quarta feira, dia 15 de março, um grupo de 22 pessoas reuniu-se na CooLabora para cantar. Renata Ferraz, atual investigadora da Universidade da Beira Interior (UBI), viu no evento: “O Canto das Mulheres: Resistência e Re-Existência”, uma porta aberta para descobrir vozes que queiram fazer parte do filme que pretende realizar. Em círculo, os participantes reviveram memórias e mostraram os seus dotes musicais.
Com o desejo de fazer um filme cantado com mulheres e para mulheres, Renata Ferraz, que também se afirma como ativista da Igualdade de Género, viu em Portugal, país em que já reside há 12 anos, o lugar ideal para fazer o sonho acontecer. O foco são mulheres da Covilhã, mas a atriz não exclui mulheres dos arredores da cidade que queiram participar. Esta iniciativa funcionou como primeira oportunidade para a cineasta começar a selecionar elementos figurativos para o seu futuro filme.
Apesar de o foco ser o género feminino, a atividade foi aberta a todos, sem restrições de idade ou género. Na sala estavam gerações dos 19 aos 82 anos, e a presença de um jovem do género masculino marcou a cineasta brasileira: “se existem homens que já começam a querer fazer parte, a interagir e a marcar a sua presença em ocasiões como esta, para mim são verdadeiros aliados”. Acrescentou que foi um ato que fez toda a diferença por parte dele.
Antes de dar início ao evento, Renata Ferraz explicou o quanto a arte da representação fazia sentido, recordando a colega de trabalho que morreu, Maria Roxo, com a qual realizou o filme “A Rua dos Anjos”, apresentado no Anfiteatro da Parada da UBI, nos dias 16 e 17 de março.
Com uma voz tranquila e pose relaxada, Renata Ferraz pediu para que os participantes se sentassem nas cadeiras que formavam um círculo. Para construir laços, reforçou que as pessoas deveriam sentar-se de forma intercalada por gerações. Numa sessão em que a prática esteve envolvida, o regresso ao passado foi sugerido pela preletora, incentivando todos à recordação da sua primeira memória a cantar. A partir daí, e numa constante partilha de vivências e memórias musicais, a dinâmica foi fluindo.
Com um equilíbrio entre personalidades mais tímidas e outras mais extrovertidas, entoaram excertos de autoras como Amália Rodrigues, Sara Tavares, Céline Dion e Teresa Salgueiro. A sessão terminou ao fim de duas horas com uma atuação de grupo cantada, dançada e tocada com adufes, um instrumento musical tradicionalmente português.
No evento estiveram ainda Graça Rojão, cooperante e cofundadora da CooLabora, uma cooperativa de intervenção social, e Francisca Casas-Cordero, socióloga espanhola que tem um projeto idêntico em Barcelona.