UBI inaugura renovada residência de estudantes

Visita às instalações e cerimónia contaram com a presença do primeiro-ministro António Costa e de outros elementos do Governo. Infraestrutura vai dotar a instituição de mais 47 camas, num investimento de cerca de 800 mil euros.

A Universidade da Beira Interior (UBI) inaugurou esta quarta-feira, 25 de janeiro, a renovada Residência III Retrofit, na presença do primeiro-ministro, da ministra da Presidência, da ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e do Secretário de Estado do Ensino Superior, entre outros elementos do Governo. A UBI é, deste modo, a primeira instituição de Ensino Superior do país a colocar à disposição dos estudantes uma das residências incluídas no Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES).

Após a visita às instalações, conduzida pelo Reitor da UBI, Mário Raposo, e elementos da equipa reitoral, a ministra Elvira Fortunato, que tutela o Ensino Superior, destacou o simbolismo desta concretização da UBI. “Começo por partilhar convosco o orgulho e alegria que sinto neste momento. O momento em que assinalámos a primeira inauguração de uma residência de estudantes no PNAES e, como em tudo, os primeiros fazem história. E a UBI está a fazer história”, considerou.

Mário Raposo, António Costa e Elvira Fortunato descerraram a placa

Com a Residência III Retrofit, a UBI coloca ao serviço dos seus estudantes 47 camas, num edifício que, após a remodelação, alberga as melhores condições em quartos duplos e individuais, um deles preparado para receber uma pessoa com mobilidade condicionada, três cozinhas completamente equipadas, salas convívio e lazer, de estudo/biblioteca e um ginásio. Toda a estrutura foi requalificada tendo em conta as preocupações com a eficiência energética e, num plano mais abrangente, a minimização de uma das maiores necessidades nacionais dos últimos anos: a falta de alojamento universitário condigno e a preços acessíveis.

“Dado o elevado número de alunos deslocados de outras zonas do país, a UBI desde cedo desenvolveu projetos que lhe permitiram contruir um conjunto de residências universitárias, para dar resposta à procura por parte dos alunos mais carenciados”, lembrou o Reitor da UBI. “Além disso, a vivência nas residências universitárias molda o comportamento e a personalidade, ajuda o estudante a tornar-se mais independente, aumentando a sua autoconfiança e autoestima. Foi assim que construiu, desde o século passado, uma oferta de 800 camas destinadas aos estudantes deslocados, tendo tido, durante muito tempo, o melhor rácio aluno/cama das universidades portuguesas”, sublinhou Mário Raposo, lembrando que o passar dos anos obrigou a remodelar os edifícios, tendo por isso aderido ao PNAES.

Mário Raposo ladeado pelos representantes do Governo, presidente da Câmara da Covilhã e presidente da AAUBI

O projeto total de requalificação de infraestruturas representa um investimento total de mais de 3 milhões de euros. No caso da residência inaugurada na quarta-feira, foram investidos perto de 800 mil, sendo que as verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) abrangeram pouco mais de metade, uma situação que o Reitor da UBI considera que deve ser corrigida. Até porque, “em virtude da inflação, os custos de construção dispararam e o montante total é quase o dobro do financiado, pelo que terá de ser coberto por receitas próprias. Esperamos que vossas excelências, o senhor primeiro-ministro e o Governo que dirige, tenham a sensibilidade necessária para rever para o futuro o valor padrão de construção por cama, no sentido de os aproximar dos custos reais de mercado”.

 

Com as mesmas condições financeiras “transformaremos a UBI na melhor universidade portuguesa”

Durante o discurso oficial da inauguração, Mário Raposo deu a conhecer à plateia, onde estavam vários membros do Governo, o percurso da UBI, marcado por conquistas no ensino, investigação e cooperação com a comunidade nacional e internacional: a recuperação do edificado na cidade, os cursos inovadores, a qualificação das pessoas, a investigação reconhecida nos mais variados índices, o estatuto conquistado em rankings mundiais e a transferência de conhecimento, entre muitos outros. “A UBI fez tudo isto e muito mais, apesar de ser a universidade portuguesa com o menor financiamento per capita / aluno ao longo dos últimos 13 anos. Se dúvidas havia, o recente relatório da OCDE demonstra isso claramente, o que dá razão a todas as nossas reivindicações sobre o assunto desde há alguns anos. Se tivermos em conta o que está no relatório, o desvio de orçamento acumulado destes 13 anos é superior a 70 milhões de euros. Devo agradecer ao Governo o facto de neste Orçamento de Estado ter já começado a corrigir o subfinanciamento da UBI, mas que ainda fica longe do valor justo e que esperemos que venha a acontecer nos próximos anos. Não somos os ‘coitadinhos’, nem somos adeptos de facilitismos, mas da sã competitividade entre instituições e de avaliações justas do nosso trabalho.”

Mário Raposo aproveitou a ocasião e foi mais longe, afirmando que a UBI se pode tornar, a breve prazo, a melhor universidade portuguesa, desde que disponha das mesmas condições de financiamento. Até porque o resultado do trabalho desenvolvido “está claramente expresso nos rankings internacionais, colocando-nos entre as melhores universidades portuguesas e em algumas áreas com desempenhos absolutamente extraordinários. Fomos, portanto (segundo os rankings internacionais), mais eficientes e mais eficazes do que as outras instituições nossas congéneres. Mas se assim já atingimos a nível atrás referido, imagine-se onde chegaremos quando o orçamento que nos for atribuído for justo. Fica, pois, o desafio ao Governo para continuar a corrigir o orçamento que nos é atribuído, com a promessa de que se isso acontecer já a partir do próximo ano e seguintes, transformaremos a UBI na melhor universidade portuguesa dentro de cinco anos em qualquer indicador que queiram utilizar.”

Mário Raposo, António Costa e Elvira Fortunato descerraram a placa

António Costa, reconheceu a importância da academia, enfatizando “a extraordinária colaboração que a UBI tem dado, não só na região, mas no país”. “O papel que a Universidade da Beira Interior está a desempenhar, na execução do Programa de Recuperação e Resiliência, não se limita aos investimentos que está a fazer na reabilitação ou construção de novas residências, de reforço do seu próprio equipamento para a sua própria atividade, mas, pelo contrário, está a investir o seu conhecimento, os seus recursos, as suas capacidades para que outros, designadamente as empresas tenham esta capacidade de, com o conhecimento aqui produzido, poderem melhorar a sua produtividade e o valor dos produtos que colocam no mercado”, afirmou o Primeiro-Ministro, detalhando o âmbito transversal do papel pioneiro da UBI em sectores tão variados como o agroalimentar, o aeroespacial, a indústria automóvel, a indústria têxtil ou a formação de profissionais de saúde.

Quanto ao desafio lançado pelo Reitor da UBI, António Costa garante que o Governo está disponível para “acompanhar a passada” da instituição. “Só nos impõe a nós a responsabilidade acrescida de termos de acompanhar esta passada, porque quando lança o desafio a todos os seus colegas e diz: ‘nós em cinco anos, tivéssemos nós condições, teríamos a melhor universidade do país, isso impõem também uma grande obrigação aos seus colegas de fazerem igual esforço para acompanharem o ritmo da UBI, e é esse esforço conjunto – obviamente estimulante – que temos que, com realismo, prosseguir e desenvolver para que o país possa prosseguir.”

Relativamente ao reforço das verbas do PRR para atenuar os aumentos dos custos de construção, o primeiro-ministro sublinha o esforço conjunto entre o Governo e as instituições de Ensino Superior. “É o primeiro dos quatro projetos de residências que a Universidade da Beira Interior está a desenvolver. É mais difícil hoje executá-los, mas nós não podemos desistir de os executar, porque se isso acontecer significa que em 2026 vamos ter menos camas disponíveis do que aquelas que sabemos que são necessárias para satisfazer as necessidades. Por isso, entre as instituições promotoras, entre o Estado, temos de fazer a ginástica necessária para conseguir hoje fazer o mesmo que nos propusemos fazer, sabendo que o custo é hoje bastante maior do que aquele que quando fixámos essas metas. E estamos a trabalhar nisso”, assegura.

 

 

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