O podcast “Rádio da Universidade”, da autoria de estudantes da Universidade da Beira Interior (UBI), foi premiado na 1.ª edição do UNICAST – Festival de Áudio e Podcast. Produzido por alunos do Mestrado de Jornalismo, o programa ficou em primeiro lugar na categoria “Entretenimento/Não Ficção”.
O projeto, que arrancou em 2022 sob orientação do professor assistente convidado José António Pereira, é “um espaço de liberdade” e “funciona essencialmente como um laboratório, ancorado no Atelier de Jornalismo, que permite aos estudantes a criação de diversos conteúdos e uma espécie de auto-teste onde se pode experimentar sem a rigidez de uma redação”, explica o docente.
“É como um magazine onde cabem assuntos sérios como reportagens, onde cabem entrevistas a protagonistas da região e do país, e onde cabem reflexões sobre literatura, cinema, música ou desporto. No fundo, o podcast tem permitido fazer com que os alunos testem registos diferentes – do mais sério ao mais descontraído -, que percebam o poder da boa comunicação, do uso da palavra, do texto falado e da sonorização”, refere José António Pereira. “Na verdade, sinto que se criam bases fundamentais que podem ser importantes no momento de entrada numa redação – até no simples facto de ser completamente produzido pelos estudantes -, os convidados e a ginástica que isso implica, os conteúdos e a divulgação nas redes sociais”, sustenta.
“É muito bom perceber que os estudantes se sentem comprometidos com este projeto porque, apesar de estar ancorado a uma unidade curricular, tem um cariz muito extracurricular.”
O docente conta que “acontece muito trabalho fora do ambiente de sala de aula, reportagens, entrevistas, gravações, sonorizações”, e refere que “é muito bom sentir que esse empenho não esmorece mesmo com a carga horária das aulas e dos trabalhos das outras disciplinas. E, ao mesmo tempo, notar que o programa vai passando de equipa em equipa, numa integração muito natural”, assegura.
Quanto ao prémio, “a alegria com que os estudantes receberam a notícia também foi muito comovente porque sentiram o trabalho reconhecido e porque ganharam ânimo para continuar a missão”, confidencia o também jornalista da RTP.
A comprová-lo está Raquel Sequeira. “Foi uma validação enorme de todo o nosso trabalho ao longo destas temporadas”, considera. A aluna de mestrado em Jornalismo admite que “a rádio funciona como algo extracurricular”, pelo que este “é um projeto conseguido pela dedicação da equipa em todas as semanas entregar um bom episódio aos ouvintes, mesmo quando se sobrepõem frequências e trabalhos. Além disso, acho que mostra que no interior também é possível fazer programas com qualidade, trazer convidados surpreendentes e pessoas interessadas no jornalismo”, defende.
“Às vezes partilhávamos todos um certo sentimento de ‘será que estamos a ser ouvidos?’ Agora, com este prémio, acho que ficámos seguros de que não só estamos a ser ouvidos, como estamos a fazer algo com qualidade. Daí só há espaço para aumentar as responsabilidades, mas também para seguir com novas ideias.”
A ideia é corroborada por João Lima, que conta que a notícia provocou “primeiramente um momento de ansiedade no dia, quando estávamos tentando descobrir se tínhamos ganhado ou não. Mas depois que caiu a ficha, foi realmente uma sensação de que finalmente fomos reconhecidos e recompensados”. O aluno lembra que este “é um projeto extracurricular, que tira muito do nosso tempo e esforço, apesar de ganharmos muito com esse projeto em experiência.
“Quando somos recompensados com um prémio a dizer que o nosso projeto foi reconhecido, é algo que preenche o coração. Só reafirma para mim que tudo o que fizemos valeu a pena.”
“Para o futuro, vamos continuar a tentar testar novas formas de fazer chegar o programa mais longe e a mais gente e, para isso, nesta temporada, estamos a apostar com mais força no vídeo nas redes sociais como forma de tentar levar mais ouvintes ao Spotify”, conta José António Pereira. “Este prémio é também capaz de alimentar o gosto pela produção de podcasts, como já fizemos com os programas ‘Abril e Eu’, onde revivemos as memórias da revolução de Abril na Covilhã; ou no .COM, onde os estudantes da UBI eram chamados a debater assuntos de atualidade”, lembra. Por outro lado, o docente assume que “é muito bom sentirmos também o acolhimento da Rádio Cova da Beira, que tem emitido sem reticências todos estes projetos, dando-lhes mais amplitude”.
Raquel Sequeira também acredita que nesta temporada há um melhor aproveitamento “do domínio das redes sociais, com excertos gravados em vídeo das entrevistas, mas também demos um bocadinho mais de vida às rubricas. Agora os colegas também participam em torno da ilha de rádio em modo de conversa com os locutores. Sentimos que de momento só há espaço para continuar e melhorar”, garante a aluna.
“Rádio da Universidade” tem uma periodicidade semanal e pode ser ouvido em podcast, na plataforma de streaming “Spotify”, e na antena da Rádio Cova da Beira (RCB), à segunda-feira, a partir das 19h00. Com duração de aproximadamente uma hora, apresenta conteúdos que destacam nomes da academia, da região e das mais variadas áreas de atividade do país.
O prémio surgiu no UNICAST, que se destinou a promover e premiar podcasts e outras narrativas sonoras, produzidas no âmbito universitário nacional, tendo cinco categorias a concursos. Tratou-se de uma organização do IADE – Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia, que teve como parceira oficial a RFM.
Os prémios foram entregues no dia 18 de outubro, no campus de Santos do IADE.