No dia 5 de dezembro, o Auditório das Sessões Solenes da Universidade da Beira Interior encheu-se de uma energia diferente. Não era apenas mais um concerto de Natal. Era o culminar de um dia inteiro em que 47 crianças de instituições e infantários da Covilhã viveram a experiência de serem o centro das atenções e de descobrirem que a universidade também pode ser um espaço de acolhimento, magia e solidariedade.
O Concerto de Natal Solidário nasceu de uma parceria entre o UBIMedia – Núcleo de Estudantes de Ciências da Comunicação e a Brinc’Ar Livre, uma jovem associação criada em julho de 2024 com a missão de defender o direito das crianças a brincar e a participar ativamente na sociedade.

Às 14h00, as crianças chegaram à UBI. Não vieram apenas para assistir a um concerto. Vieram para viver um dia completo, pensado ao detalhe para lhes mostrar que há um mundo onde são importantes, onde têm voz e onde podem sonhar. O roteiro começou no Museu de Lanifícios, onde puderam conhecer a história da cidade que respira lã e tradição. Depois, seguiram para as instalações do curso de Ciências da Comunicação, onde se transformaram em jornalistas, apresentadores e pivôs de televisão. Experimentaram os estúdios de rádio e televisão, gravaram, falaram ao microfone, viram-se no ecrã.
“Queríamos mostrar que a universidade também é um espaço de acolhimento e solidariedade”, explica Inês Costa, membro do UBIMedia. A ideia era simples, mas poderosa: oferecer às crianças um dia especial e convidá-las a visitar a UBI, desmistificando o ambiente universitário e criando memórias que, quem sabe, um dia as façam voltar – já como estudantes.
Francisco Venâncio, presidente do UBIMedia, não esconde o orgulho ao falar do evento.
No palco do Auditório das Sessões Solenes, a Desertuna – Tuna Académica da UBI – trouxe alegria, ritmo e emoção. Com as suas capas negras e trovas cantadas, o grupo musical fundado em 2002 animou a plateia e arrancou sorrisos das crianças. Mas o concerto tinha uma particularidade: a entrada custava um brinquedo, que seria depois entregue a crianças em situação de vulnerabilidade. Um gesto simbólico, mas com impacto real.
Catarina Gomes, vice-presidente da Brinc’Ar Livre, sublinhou a importância deste tipo de iniciativas. “Trabalhamos para garantir que brincar, aprender e crescer com dignidade sejam direitos acessíveis a todas as crianças. Esta tarde foi uma experiência fantástica para as cerca de 50 crianças que participaram. De certeza que levaram memórias, sorrisos e, esperamos, a sensação de que são importantes e de que a sociedade se mobiliza por elas”.
Afonso Gomes, provedor do estudante da UBI, destacou a relevância da dinâmica dos núcleos estudantis. “Isto é um exemplo perfeito da importância que a dinâmica dos núcleos tem, não só dentro da instituição, mas também na cidade. Quem sabe se daqui a uns anos não teremos futuros profissionais na área da comunicação, porque se lembraram deste dia”.
Nem tudo correu como planeado. O mau tempo fez-se sentir e condicionou a adesão ao evento, que acabou por ser menor do que o esperado. “Tivemos alguns percalços devido ao tempo. Isso criou algumas dificuldades e fez com que a adesão fosse um bocadinho menor do que gostaríamos, mas apesar de tudo, foi uma experiência incrível”, admite Inês Costa.
“Espero que este dia vos tenha marcado de alguma forma”, disse Francisco Venâncio no final do concerto, antes de convidar todos para a churrascada. E marcou. Porque o Natal solidário do UBIMedia e da Brinc’Ar Livre não foi apenas sobre música ou brinquedos. Foi sobre criar memórias, tocar corações e lembrar que a verdadeira solidariedade não é aquela que se faz à distância – é aquela que se pratica de perto, olhos nos olhos, sorriso a sorriso.
E se há uma certeza, é esta: para o ano, a sala pode mesmo ser pequena.







































