A primeira edição do curso “Migrações e Desafios da Integração” está já a decorrer no Fundão, com 50 participantes provenientes de diversas regiões do país. A formação é resultado de uma parceria estabelecida entre a Universidade da Beira Interior (UBI), ISCTE e o município fundanense, e promete criar sessões de grande dinâmica, numa área fundamental na atualidade. No Centro de Migrações do Fundão estão quadros da administração central, de autarquias e de instituições da sociedade civil, até dia 22 de junho.
Estão presentes elementos desde a Câmara Municipal de Vila Real, de Trás-os-Montes, até à Câmara de Loulé, no Algarve. Do Instituto de Emprego e Formação Profissional – IEFP e da Segurança Social, passando pela Agência para a Integração, Migrações e Asilo – AIMA, quadros da Fundação Aga Khan Portugal, Associação Kamzumbá e de centros locais de Apoio à Integração de Migrantes de diversos pontos do país. Está presente um funcionário da Embaixada da Geórgia, em Lisboa, e uma representante de Timor-Leste, além de representantes de associações de desenvolvimento e de organizações não-governamentais.
A formação começou no domingo e contempla um programa centrado em temas como políticas migratórias, matérias documentais, desafios do acolhimento e integração, assim como palestras e conferências de vários especialistas, académicos e ex-governantes. O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, que tem a tutela das migrações, foi um dos convidados, participando na conferência que teve lugar ontem, dia 18 de junho.
Estão previstas também visitas de campo a empresas e entidades da região, onde existem reconhecidas boas práticas no campo da integração de migrantes no mercado de trabalho. De resto, o Fundão é um dos concelhos tido como exemplar nesta matéria.
A experiência prática e académica das entidades envolvidas é uma garantia do sucesso das atividades.
“A UBI, fortemente empenhada na boa concretização e no sucesso da iniciativa, aporta a esta formação uma abordagem relacional na integração dos imigrantes, decorrente da experiência que detém ao nível da investigação e do envolvimento em projetos que, apoiados em parcerias alargadas e na promoção da participação direta, promovem a luta contra a exclusão social e a inclusão de públicos vulneráveis. Nos quais prioriza igualmente a inovação social e a incorporação da perspetiva de género”, como refere Alcides Monteiro, coordenador da UBI desta Academia Mais Integração.
Cláudia Pereira, coordenadora por parte do ISCTE, teve oportunidade de intervir no primeiro dia de sessões. Destaca que as três entidades prepararam o programa para proporcionar aos participantes uma experiência de trabalho cooperativo entre as diferentes instituições.
“A capacitação que queremos desenvolver está pensada para transmitir conteúdos, para mostrar onde é que podem procurar informação e, ainda, para que saiam daqui a trabalhar em rede entre si: que a técnica que trabalha na zona Norte possa contactar alguém da zona Sul, por exemplo, para se esclarecer sobre um dado procedimento, ou vice-versa”, explica.
“As recentes alterações nas estruturas do Estado que lidam com as migrações, bem como o facto de chegarem a Portugal imigrantes provenientes de 190 países diferentes, exigem de funcionários, de técnicos superiores e de quadros privados novos conhecimentos e novas capacidades relacionais – é isto que a Academia lhes pretende proporcionar”, salienta ainda.
As 50 vagas para esta edição da academia esgotaram rapidamente, razão pela qual as entidades organizadoras já decidiram realizar uma nova edição no próximo outono.