“Desinformação nas eleições europeias 2024: atividade dos partidos nas redes sociais” é o título do relatório produzido no âmbito do protocolo estabelecido entre a Universidade da Beira Interior (UBI) e a ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social, em maio de 2024. Foi, de resto, desenvolvida, com o LabCom (unidade de investigação da Faculdade de Artes e Letras da UBI), uma linha de trabalho sobre desinformação com incidência no contexto das últimas Eleições para o Parlamento Europeu de 9 de junho de 2024. Da perspetiva da ERC, esta colaboração integrou-se no seu plano de ação de acompanhamento daquele ato eleitoral e, especificamente, no eixo de combate à desinformação.
A desinformação consiste num fenómeno com repercussões na formação da opinião pública e na qualidade da participação cívica e, em particular em períodos eleitorais. A própria ERC já identificou determinadas situações que afetam conteúdos mediáticos disseminados nas plataformas online e que potencialmente configuram desinformação, como sejam sondagens falsas / falseadas, utilização abusiva de layout de órgãos de comunicação social ou órgãos de comunicação social falsos.
É neste contexto que surge a colaboração do LabCom, através da análise das publicações que todos os partidos políticos fizeram nas suas redes sociais durante a campanha para as Eleições Europeias. O relatório sistematiza os resultados alcançados e é publicado pelo LabCom em colaboração com a ERC. A tipologia de conteúdos desinformativos a identificar foi previamente definida numa reunião realizada entre o Conselho Regulador da ERC e o coordenador da equipa LabCom, que juntou seis investigadores portugueses e brasileiros.
Ao longo da campanha eleitoral identificaram-se cinco casos que foram relatados à ERC em tempo útil. O conhecimento destas situações conduziu à intervenção regulatória, através da abertura de processos administrativos tendo em vista a apreciação dos factos à luz das competências da ERC.
Para além deste trabalho, o grupo – composto por João Canavilhas e Branco Di Fátima (LabCom), Liliane Ito (UNESP, Brasil), Fabia Ioscote (UFPR, Brasil), Adriana Gonçalves (UBI) e Afonso Fonseca (UBI) – elaborou ainda uma caracterização das publicações efetuadas por todos os partidos concorrentes. Alguns dos dados mais destacados são a pequena percentagem de publicações com links para notícias (3,3%), o equilíbrio de publicações nas três redes com mais seguidores (Facebook, X e Instagram), e o facto de os temas europeus (68,5%) serem mais discutidos do que os temas de política nacional (31,5%), o que contraria alguns comentários feitos durante a campanha.