Covilhã, cidade-fábrica

Covilhã no presente.

A Covilhã, antiga “Manchester Portuguesa” encostada na falda oriental da Serra da Estrela, era comparada com a cidade inglesa por ter sido igualmente pioneira na industrialização dos tecidos. Com o passar do tempo, foram instaladas cerca de 200 fábricas empregando grande parte da população covilhanense e de outras regiões portuguesas.

Desde a Idade Média que a cidade se vê completamente envolvida no trabalho dos teares. Inicialmente em casas particulares realizavam-se as diferentes fases de transformação da lã em panos. Os homens cardavam e as mulheres fiavam. Enquanto os filhos teciam. Toda a família fazia parte dos primeiros teares da cidade. O cenário modificou-se quando se tornou necessário dar um salto no aperfeiçoamento, de forma a surgirem as primeiras oficinas especializadas com tendas que fiavam o pelo e davam um toque especial à peça. As tinturarias começaram a tingir as fazendas e os pisões, através de movimentos manuais, a comprimi-los. Este trabalho levou à especialização técnica da população e à implementação de manufaturas na cidade.

Atualmente, com o progresso da automatização, os operários dão lugar às máquinas. Como consequência, verifica-se uma maior quantidade de produtos fabricados face aos números do passado. Se na década de 60 a produção covilhanense rondava os 48%, conforme o relatório da Comissão de Planeamento da Região Centro, hoje os valores quase duplicam.
Além da motorização, a capacidade exportadora é mais uma característica que distingue a indústria do passado à do presente. De acordo com João Leitão, professor universitário, numa entrevista para Covilhã Cidade Fábrica, as empresas que ainda se dedicam à produção representam 80% de orientação de vendas para o exterior.
Uma das maiores infraestruturas fabris da época, a Fábrica Real dos Panos, acolhe hoje centenas de estudantes no Polo I da Universidade da Beira Interior.

A cidade-fábrica já não é mais caracterizada pelo vapor negro das fábricas, nem pelo alarme das 6:30 da manhã que indicava o início do trabalho fabril. O barulho dos teares que ecoava pelas ruas foi substituído pelo passos dos estudantes que soam pelos cantos da cidade.

Apesar de a maioria das indústrias terem desaparecido, a história e identidade fabril permanecem representadas e homenageadas pela arte urbana, através do projeto WOOL +.