Andreia Garcia será a curadora da representação portuguesa na Bienal de Arquitetura de Veneza, com inauguração marcada para 20 de maio do próximo ano, anunciou a Direção-Geral das Artes (DGArtes) no passado dia 15 de dezembro.
A sua proposta para o Pavilhão de Portugal pretende refletir sobre “a escassez da água doce a partir do território nacional”.
A escolha do projeto curatorial e expositivo foi feita através de um concurso limitado de seleção, para o qual foram escolhidos os arquitetos e curadores Andreia Garcia, Ricardo Carvalho e o Atelier do Corvo (Carlos Antunes e Désirée Pedro), prémio AICA em 2021.
Andreia Garcia é professora de Projeto de Arquitetura na Faculdade de Engenharia da Universidade da Beira Interior, função que acumula, desde o ano passado, como o cargo de vice-presidente da mesma faculdade. A sua tese de doutoramento pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, com a qual recebeu o Prémio Manuel Tainha, foi publicada em livro em 2016, com o título “Espaço Cénico, Arquitetura e Cidade”.
A sua experiência curatorial inclui a Bienal de Arte Contemporânea da Maia (2019), a Smaller Cities (Guimarães Capital Europeia da Cultura, 2012), e o Projeto Memória (Centenário do Theatro Circo de Braga, 2015). É fundadora do Architectural Affairs. Fez parte das equipas Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012 e integrou a candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura em 2027. É co-fundadora, com Diogo Aguiar, da Galeria de Arquitetura, no Porto, um espaço dedicado à reflexão sobre arquitetura e território.
A 18.ª Bienal de Arquitectura de Veneza, que terá como curadora-geral a arquiteta e escritora escocesa-ganesa Lesley Lokko, tem como tema “O Laboratório do Futuro”.
A proposta para o Pavilhão de Portugal, que ficará situado no Palácio Franchetti, tem como título Fertile Futures. Segundo o comunicado da DGArtes, a exposição quer refletir sobre “o contributo da arquitetura no redesenho do futuro descarbonizado, descolonizado e colaborativo, respondendo diretamente à convocatória de Lesley Lokko.
De acordo com a DGArtes, a exposição do Pavilhão de Portugal terá o seu foco “em sete hidrogeografias portuguesas” profundamente marcadas pela ação antropocêntrica — Bacia do Tâmega, Douro Internacional, Médio Tejo, Albufeira do Alqueva, Rio Mira, Lagoa das Sete Cidades e Ribeiras Madeirenses. Para o efeito, foram convidados sete jovens ateliers, em colaboração com sete outros especialistas mais consagrados (geógrafos, arquitetos paisagistas, antropólogos e engenheiros do ambiente), “a propor reservatórios do futuro”.
As equipas incluem os Space Transcribers e Álvaro Domingues (Tâmega), Dulcinea Santos e João Pedro Matos Fernandes (Douro), Guida Marques e Érica Castanheira (Tejo), Pedrez Studio e Aurora Carapinha (Alqueva), Corpo Atelier e Eglantina Monteiro (Mira), Ilhéu Atelier e João Mora Porteiro (Sete Cidades) e Ponto Atelier e Ana Salgueiro Rodrigues (Madeira).
A DGArtes refere que esta colaboração proporá modelos “para um amanhã mais sustentável, saudável e equitativo, em cooperação não hierarquizada entre disciplinas, gerações e espécies”.
A escolha de Andreia Garcia foi feita por um júri constituído por Paulo Carretas, técnico superior da DGArtes e coordenador, Joaquim Moreno, Isabel Ortins Simões Raposo, Julia Albani e Nuno Grande.