Feminism For Geniuses, feminismo e discriminação

A Universidade da Beira Interior (UBI) contou com a presença de Cennet Ceren Çavuș, que elucidou conceitos sobre feminismo e ajudou professores e alunos da universidade a estarem dentro do movimento, informados sobre o que realmente é o feminismo e sobre questões de discriminação. Feminismo islâmico, misandrismo, trans feminismo e outros tipos de feminismo foram tema de conversa.

Cennet Ceren Çavuș,  professora e pesquisadora da universidade Mus Alparslan, na cidade turca de Muș, esteve na UBI para explicar o que é o feminismo. Çavuș começou por falar de alguns equívocos que grande parte da sociedade tem acerca do feminismo e do verdadeiro propósito do movimento feminista: ser contra o sexismo. Durante a apresentação, o sexismo foi descrito como uma doença na sociedade, explicando-se que a ideia do movimento feminista é consciencializar para o problema visando que todos tenham as mesmas possibilidades e oportunidades, tanto no mercado de trabalho como na vida pessoal.

A palestrante identificou os vários tipos de discriminação existentes na sociedade, como o racismo, o capacitismo, o ageísmo, a homofobia e o heterossexismo. Não é comum ouvir-se falar de alguns destes conceitos, por isso a pesquisadora explicou cada um deles, dizendo que capacitismo é a discriminação contra pessoas com algum tipo de deficiência enquanto ageísmo é o preconceito contra pessoas mais velhas.

A  professora turca falou ainda das várias ondas do feminismo. A primeira  ocorreu de 1900 a 1960, com o feminismo liberal, a segunda de 1960 a 1990, com o feminismo radical, e, finalmente, a terceira onda de feminismo, que decorre atualmente e engloba alguns tipos de feminismo como mulherismo, feminismo pós-moderno, feminismo islâmico e ecofeminismo.

No final da sessão houve tempo para uma discussão. Ana Madeira, que assistiu por Zoom a apresentação, colocou algumas questões relacionadas como o feminismo islâmico. A complexidade do tema e a falta de tempo levou Cennet Çavuș a recomendar a leitura de um dos seus livros acerca do tema “Femininity in religions: a comparative analysis”.

Outro tema que foi objeto de discussão foi a situação Lia Thomas, a nadadora trans que esteve recentemente envolvida em polémicas mediáticas por ter vantagens físicas nas  competições com mulheres cisgénero. Çavuș revelou apoiar a causa da atleta porque todos têm direito a expressar-se: “tudo isto é sobre direitos humanos e ser contra o sexismo. É um desafio, ela é trans e tem os músculos de um homem e o poder físico de um homem, mas agora é uma mulher. É um problema muito importante”. Acrescenta ainda que “os problemas que as pessoas trans passam são muito diferentes dos outros, não há necessidade de fazer um concurso sobre quem tem mais desafios, para mim não faz sentido nenhum, o principal pensamento no feminismo é ser contra discriminação, qualquer tipo de discriminação”.

Foi ainda levantada a questão sobre o facto de algumas pessoas acharem que feminismo é odiar homens, o que, na verdade, é misandrismo. A pesquisadora explicou que nessas situações confronta o sujeito com os conceitos de feminismo e misandrismo,  para abrir uma conversa e explicar a diferença.

 

No final da apresentação, José Carlos Marinho, aluno de Filosofia e participante na conferência, confessou que “tinha alguma dificuldade sobre a questão do feminismo”, mas a sessão foi uma enorme ajuda para compreender melhor o assunto. “Não tinha noção que existiam tantos tipos de feminismo, não estava muito dentro do assunto. Foi uma iniciativa mesmo interessante.”, concluiu.

A dúvida do estudante de Filosofia é muito comum, pelo que vale a pena explicar mais detalhadamente os vários tipos de feminismo abordados pela investigadora durante a conferência.

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