A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade da Beira Interior (FCSH-UBI) recebeu, no dia 19 de março, as XIII Jornadas de Sociologia. Com o mote “Vozes do Feminismo e da Igualdade: Cultura, Ativismo e Transformação Social”, o evento proporcionou um espaço de diálogo e reflexão crítica sobre as dinâmicas sociais que moldam e desafiam as desigualdades de género.
Iara Franco, presidente do Núcleo de Estudantes de Sociologia da Universidade da Beira Interior (NESUBI), destacou a importância de abordar temáticas como a cultura e o ativismo no combate à desigualdade de género. Iara reforça que eventos como este ajudam a dar visibilidade a associações e movimentos feministas que ainda carecem de reconhecimento. “Quanto mais iniciativas como esta ocorrerem, mais informadas estarão as pessoas e maior será o impacto na luta pelos direitos das mulheres”, explicou na sessão de abertura.
Arminda do Paço, presidente da FCSH-UBI, reforçou a pertinência do tema, destacando a importância de sensibilizar e educar para uma sociedade mais igualitária: “A ideia é caminharmos no sentido de uma sociedade mais igualitária em todos os aspetos”, concluiu.
Cláudia Martins, vice-presidente do DSoc-UBI, trouxe à discussão a evolução histórica dos direitos das mulheres em Portugal, enfatizando “a importância da aprovação da Constituição de 1976 onde se plasmou pela primeira vez a igualdade de direitos entre homens e mulheres em Portugal”. Alertou para a persistência de desigualdades, como as disparidades salariais e a violência doméstica, que em 2024 resultaram em mais de 23 mil casos reportados. “A violência doméstica é uma grave violação dos direitos humanos e uma forma de discriminação com impacto não apenas nas vítimas, mas na sociedade no seu conjunto”, acrescentou Cláudia Martins.
As jornadas também contaram com a presença de Nuno Amaral Jerónimo, representante da Associação Portuguesa de Sociologia (APS), que sublinhou a relevância da Sociologia na compreensão e intervenção nas questões de género, destacando o papel dos sociólogos não apenas no meio académico, mas também em organismos políticos e sociais: “A Sociologia tem tido a sorte de ter sido reconhecida pela sociedade portuguesa como uma importante comunidade não só na divulgação de conhecimento, mas também na explicação da realidade, na intervenção da realidade”, finalizou.
Catarina Sales Oliveira, representante da Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres (APEM), abordou a trajetória do feminismo em Portugal e a evolução das associações feministas. “Remetia a mulher para um papel doméstico muito confinado e específico, não só o que lhe era proibido enquanto direitos, mas também na maneira como a mulher era representada de todas as maneiras na sociedade”, declarou a representante da APEM, salientando como o salazarismo marcou profundamente a representação da mulher na sociedade, remetendo-a a um papel doméstico e submisso.
Cristina Duarte, professora da UBI, destacou a importância do grupo de estudos “Faces de Eva” na investigação sobre as mulheres e a sua interseção com diversas áreas do conhecimento. A intervenção focou-se no percurso deste grupo e da revista associada. Entre as secções de destaque estão “Retrato” e “Autorretrato”, onde as autoras partilham experiências e reflexões pessoais que dá voz a associações sobre a sua atividade e impacto social. Embora o grupo “Faces de Eva” não seja uma associação formal, possui uma forte componente cultural e científica, estando envolvido em diversos projetos de investigação.
Joana Rosinha, aluna do terceiro ano de Sociologia e representante do NESUBI, destacou a importância de discutir esses temas na atualidade. Para ela, há um retrocesso na mentalidade da sociedade relativamente ao papel da mulher, o que torna essencial a sensibilização das novas gerações. “Estas jornadas são fundamentais para relembrarmos e consciencializarmos os mais novos que estão a chegar”, afirmou.
Dina de Jesus Peixoto de Carvalho, docente da UBI, destacou a relevância do tema para os estudantes de Sociologia, sublinhando que as questões de género estão cada vez mais presentes no debate académico. Elogiou as apresentações, que ofereceram uma visão ampla sobre a atuação dos sociólogos e a importância da revista e da comissão envolvida.
Após o almoço ocorreu um debate sobre a temática: Igualdade da Universidade da Beira Interior”. Seguiu-se uma mesa redonda onde estiveram presentes Ana Loureiro, Carolina Vieira e Rita Ochoa que abordaram o “Ativismo das e/ou para as mulheres”. As Jornadas de Sociologia encerraram-se com uma atuação da “Orquestra Académica Já b’UBI & TOKUSKOPUS”, Tuna Masculina da Associação Académica da Universidade da Beira Interior.