Intitulado “Transformers”, e concebido pela coreógrafa convidada Catarina Clode Casqueiro, o novo espetáculo da Kayzer Ballet marcou a celebração dos dez anos da companhia. Reconhecida pelo seu compromisso em apoiar jovens coreógrafos portugueses, a companhia de bailado covilhanense reitera através desta produção o seu papel na promoção e desenvolvimento da cultura artística em Portugal.
O espetáculo abordou os temas da transformação e da evolução humana contínua, explorando o conceito de metamorfose pessoal por meio de coreografias que combinaram elementos do estilo de dança neoclássico e contemporâneo. Iniciando-se com coreografias mais leves e inocentes, progrediu para uma conclusão complexa e densa, refletindo assim a profundidade dos temas explorados.
“Esta criação da Catarina Casqueiro é uma peça muito forte que fala, no fundo, de experiências de vida. Em termos de movimento, é muito interessante ver a técnica dela de moldar os corpos e fazer com que muitas vezes se juntem num só”, expressou Ricardo Runa, diretor da companhia Kayzer Ballet, sobre este novo projeto durante o ensaio.
O espetáculo teve uma abertura cativante, com os bailarinos inicialmente sentados em cadeiras, revelando apenas os pés vestidos com meias vermelhas, enquanto o restante corpo permanecia oculto por panos. Acompanhados por uma melodia animada, esta cena introdutória estabeleceu um tom inicialmente leve e cativante para a performance. Contudo, à medida que a apresentação avançava, o cenário transformava-se gradualmente em algo mais sombrio e introspetivo.
Um momento de destaque da coreografia foi uma bailarina que dançava com balões de hélio presos às pontas das suas tranças e que se soltaram ao longo da apresentação. O desfecho da obra deu-se com uma queda de balões sobre o palco, proporcionando um encerramento impactante da atuação. “Adorei o pormenor do uso dos balões, achei bastante criativo e cativante”, disse João Ribeiro, um dos espetadores que encheram a sala.
A participação de um elenco de bailarinos internacionais acrescentou riqueza à essência da peça. A bailarina Sabrina Kallan, dinamarquesa, sublinha a ideia de o ser humano estar sempre a transformar-se em coisas diferentes, a evoluir num sentido mental, físico ou espiritual, defendendo que todos podem sentir o significado de “Transformers”.
O público demonstrou grande entusiasmo com a peça. “Foi muito interessante, surpreendeu-me pela positiva e gostei da dicotomia entre as danças mais leves com as mais complexas”, afirmou Adriana Pais.
A coreógrafa Catarina Casqueiro pretende levar esta peça a outros palcos nacionais, pois acredita que é estimulante para atrair os portugueses ao teatro.
Enquanto continua a trabalhar em novos projetos, a Kayzer Ballet prepara os ajustes finais para a sua apresentação com as Residências Artísticas Ubianas, que em breve estarão em palco.