Maratona da Europa foi do Mundo

Mais de vinte mil pessoas percorreram as ruas de Aveiro numa prova marcada pelo calor como a maior dificuldade.

No último domingo as ruas de Aveiro encheram-se para a quinta edição da Maratona da Europa. Com mais de vinte mil atletas inscritos, a maioria amadores, e mais uns quantos milhares a assistir, o fim de semana ficou marcado pelo espírito desportivo envolvente na cidade.

Para além dos míticos 42 quilómetros, que são a grande atração para os atletas profissionais, fizeram também parte integrante do evento as distâncias de 21 – a que teve mais participantes – e 10 quilómetros. Quem não corre, mas não quis ficar de fora, pôde participar na caminhada solidária de 5 quilómetros, que contou com a presença do Primeiro-Ministro, Luís Montenegro.

A Maratona da Europa, que pretende tornar-se a prova mais rápida de Portugal tem como ponto forte o percurso, não só pela beleza natural, mas principalmente por ser na sua maioria um traçado plano. A ausência de subidas e descidas acentuadas é um fator chamativo para corredores de todo o mundo tentarem “bater” marcas pessoais. No entanto, o calor que se fez sentir durante a manhã dificultou bastante o trabalho aos corredores, tendo o atleta mais rápido da maratona ficado a mais de dois minutos da melhor marca de sempre da prova

Participaram atletas de 77 nacionalidades diferentes.

No que diz respeito à competição propriamente dita, Okubay Tsegay, atleta olímpico pela Eritreia, apesar de longe da sua melhor marca (02:05.20h) venceu de forma isolada a prova principal em 02:11.58h.  No que diz respeito às mulheres, a atleta da Etiópia, Aberash Robi, foi a grande vencedora, terminando a prova em 02:29.50h, quase menos 10 minutos que a segunda classificada.

Mas a “vitória”, para a maioria, está nas metas pessoais, pelo que a sua superação é o culminar de meses de preparação. A emoção e felicidade que se viveu na linha de chegada foi marcante não só para os corredores, mas também para os milhares que assistiam.

Todavia, nem só da competição a Maratona da Europa é feita. Há quem participe sem olhar a tempos, com o objetivo de concluir ou apenas manter-se ativo. A realidade é que é um evento para todos os tipos de atletas, desde os mais rápidos aos mais lentos.

Além do mais, o carácter inclusivo que caracteriza esta prova desde o início continua intacto, e o apoio de João Neto foi uma vez mais um acontecimento a marcar a edição deste ano. Um dos padrinhos da prova correu novamente a distância de 42,195 quilómetros, a empurrar uma cadeira de rodas com seis crianças portadoras de necessidades especiais, a quem ofereceu as cadeiras no final.

Outro corredor em destaque foi o dorsal 1893. Vestido e calçado com a farda militar completa, Yousef Alshattti completou a maratona como forma de homenagem a todos os que arriscam as suas vidas em prol da comunidade. De destacar que não é a primeira vez que o kuwaitiano percorre longas distâncias fardado, já o tendo feito em diversas partes do mundo.

Yousef Alshatti percorreu 42,195 quilómetros em 03:39.35h.

Contudo, não correu tudo como esperado e a organização foi obrigada a desculpar-se aos participantes por um revés de última hora. No dia anterior à prova, Paulo Costa, diretor executivo da Global Sport, informou que as t-shirts que deveriam ser entregues aos atletas não chegariam a tempo, uma vez que haviam ficado retidas na alfândega chinesa.

Para alguns dos corredores trata-se de um erro – de certa forma alheio à organização -«evitável», caso tivessem recorrido a uma empresa portuguesa para o fabrico das camisolas. Para Alexandre Vale, estudante em Aveiro, «além de as t-shirts não ficarem presas na alfândega, seria um enorme e necessário apoio à indústria nacional».

A maratona da Europa é apenas a terceira prova portuguesa a integrar o top 100 mundial (95º) do ranking da World Athletics – entidade reguladora do atletismo a nível mundial – depois de Porto e Lisboa (93º e 64º respetivamente).

Fotografia: Dinis Madeira

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