“Titinha Aventureira”: do burnout à magia das palavras

A Biblioteca Municipal da Covilhã foi palco do lançamento do livro "Titinha Aventureira", a primeira obra literária de Helena Matias. O ambiente acolhedor e recheado de emoção fez com que amigos e familiares se reunissem para celebrar a estreia da autora no mundo da escrita.

A história deste livro é muito mais do que uma simples narrativa infantil. “Titinha Aventureira” nasceu como um refúgio para Helena Matias, durante um período de burnout. Aconselhada pela sua psicoterapeuta a encontrar uma forma de expressar as suas emoções, a autora deu vida à personagem Titinha, uma gata aventureira que, tal como ela, aprendeu a transformar desafios em momentos de crescimento e descoberta. Inicialmente concebido para participar num concurso literário, o projeto ganhou asas e, através da editora Cordel de Prata, chegou agora ao público.

Durante a apresentação do livro, Helena Matias partilhou a sua jornada

Helena Matias, autora do livro

pessoal e a forma como a escrita a ajudou a reencontrar-se. “É uma experiência indescritível, é um misto de emoções, é uma alegria, é um conquistar de algo que parece que nós nos esquecemos que também somos dignos de conquistar”, disse Helena, refletindo sobre a grandeza do momento. “O facto do meu livro ser publicado e estar aqui hoje, faz-me acreditar ainda mais em mim e dá-me ainda mais ânimo para continuar neste mundo.”

Titinha Aventureira não é apenas uma história voltada para o público infantil. A autora revela que, ao escrever, encontrou uma metáfora para o seu próprio processo de cura. “Eu escrevi a história com base no animal Becas, o meu gatinho, mas no fundo, quando terminei, percebi que a Titinha era, na verdade, eu. Era a gata que precisava de ser salva, que precisava de amor.” Para Helena, a personagem representa a busca pelo carinho e a necessidade de se encontrar a si mesma após um período difícil da vida.

Com um enredo simples mas profundo, Titinha Aventureira traz a história de Mestre Adolfo, um homem solitário cuja vida pacata sofre uma reviravolta com a chegada inesperada de Titinha. A amizade entre os dois transforma as suas vidas, revelando que o amor e a amizade podem surgir nos momentos mais inesperados, e que, muitas vezes, são esses pequenos laços que nos fazem sentir completos. “Ela veio mostrar ao Mestre Adolfo que ele podia amar, que ele podia amar não só outras pessoas, mas também animais”, explica Helena. “E isso transformou a vida dele. Ele era um homem solitário, e a partir do momento em que ficou com a Titinha, ele passou a ser o homem mais querido da aldeia.”

A autora também reflete sobre o impacto da história não apenas para as crianças, mas também para os adultos. A mensagem que transmite é universal: “Muitas vezes, os adultos, por trás da sua fachada de dureza ou razão melancólica, escondem a falta de amor. Eles escondem exatamente a infelicidade que a falta de amor pode gerar nas suas vidas”, diz Helena, sublinhando que todos, independentemente da idade, precisam de carinho e afeto.

O processo criativo de Titinha Aventureira foi rápido, mas intenso. Helena escreveu a história em cerca de dois a três meses, encontrando nas palavras uma forma de se libertar e de dar expressão aos seus sentimentos. “Foi algo que me custou a iniciar, mas assim que comecei a escrever, as ideias surgiram muito mais rápido do que eu conseguia escrever”, recorda. Este fluxo criativo refletiu-se na facilidade com que a história se desenvolveu, mas também nas escolhas feitas ao longo da jornada. Por exemplo, o final do livro foi alterado após uma reflexão profunda sobre a melhor forma de concluir a história. “O outro final não podia funcionar da maneira que eu queria. Ele não fazia sentido, não fazia justiça a tudo o que estava por trás da narrativa. Mudei o final, e agora sinto que posso continuar a história se quiser.”

Entre os presentes no lançamento, estava Irene, amiga da família da autora, que veio com muita curiosidade assistir à estreia do livro. Quando questionada sobre o que achou da história, Irene destacou a importância do amor na trama. “A Titinha parece uma história interessante, até porque é baseada no amor, não é? E acho que tudo o que envolve amor e sentimentos é bonito. E ajuda a ultrapassar, por vezes, muitas dificuldades e muitas situações que a vida nos dá e que são bem difíceis” diz, acrescentando que o livro pode tocar os leitores de uma forma muito especial. “As crianças, hoje mais do que nunca, devem acreditar no amor e devem pensar e saber que o amor ajuda a mudar a vida.”

Helena deixa aos leitores uma mensagem simples, mas profunda: “Na dúvida, escolham sempre o amor. O amor é o que cura, o que transforma, e o que realmente importa.”

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