“Um em cada três estudantes da UBI são estrangeiros”

Universidade da Beira Interior aumenta a mobilidade académica e investe em mais bolsas para garantir experiências internacionais a um maior número de alunos

Bolorzul Juu de 20 anos, é uma das estudantes de Erasmus da Universidade da Beira Interior (UBI). Veio da Mongólia, e estuda marketing e relações-públicas na Turquia. Apaixonada pela cultura europeia ocidental, chegou há pouco tempo para o segundo semestre de aulas e descreve a Covilhã como uma cidade verde, limpa e próxima das nuvens devido à sua altitude e relevo montanhoso.

Bolorzul Juu tem 20 anos e veio da Mongólia

Juu revela que os aspetos positivos de estudar numa cidade pequena através do programa de mobilidade Erasmus+ é “as pessoas apoiarem-se umas às outras, haver mais tempo para aproveitar a companhia dos amigos, bem como o facto de os professores ajudarem e integrarem os alunos que vêm de outros países”. Encontrar casa não foi um problema para esta jovem, embora ache os preços da renda elevados comparativamente à Turquia.

Já a burocracia, foi um obstáculo que quase a fez desistir da sua mobilidade para Portugal. “A entrega de todos os documentos estava a ser um processo complicado, tive de ver vídeos de estudantes de Erasmus em Portugal para me sentir motivada e não desistir“, afirma a estudante. Enfrenta alguma ansiedade social e timidez, mas é algo que pretende enfrentar através desta experiência.

Outro estudante recém-chegado à UBI é Leonardo Duarte de 22 anos. Estuda Engenharia Mecânica e veio do Brasil à procura de melhores oportunidades a nível académico. “Tem sido muito prazeroso estar na Covilhã, gosto da comida e da eficiência dos transportes no país” revela o estudante. O facto de haver uma grande comunidade brasileira em Portugal foi outro dos aspetos que motivou a vinda de Leonardo.

Já a procura de um sítio para morar durante a sua estadia não foi assim tão simples. “Tive dificuldade em encontrar quem me arrendasse um local, algumas imobiliárias fecharam-me as portas por ser estrangeiro”, afirma o estudante de Erasmus. O sítio onde mora foi “o mais em conta” que encontrou e as condições do apartamento de uma forma geral são boas. Em duas semanas já visitou as cidades de Lisboa, Braga e Porto e tenciona ainda conhecer a Costa Vicentina.

Ensley estuda Física e Aplicações

Ensley Ramirez veio da Universidade de Córdova para continuar a licenciatura em Física e Aplicações. Chegou à Covilhã em setembro e vai ficar na UBI até ao final do ano letivo. Afirma que não foi simples arranjar um quarto. “Havia muitos sítios disponíveis, mas o problema era quererem ou contrato de 12 meses, ou só aceitarem raparigas, ou ser caro, ou muito longe.” Está a viver numa residência privada e considera o preço que paga pelo quarto justo e mais acessível do que os preços em Espanha.

O mais difícil da sua experiência como estudante de Erasmus tem sido lidar com as saudades de casa, da família e dos amigos. “O aspeto social está a ser o mais complicado porque estava habituado a ter os meus pais comigo, estudar na minha cidade natal com os meus amigos e sair da minha zona de conforto é sem dúvida o mais desafiante”, refere Ensley.

José Páscoa Marques, Vice Reitor da UBI na área de Internacionalização e Interação com a Sociedade explica que o programa Erasmus+ International Credit Mobility (ICM) abrange não só alunos como também professores. “Por cada aluno que ia para fora recebíamos três, o que significa que os nosso alunos não eram muito móveis, portanto enviávamos cerca de 100 alunos e recebíamos 300”, refere o professor. No ano letivo 2023/2024 os números aumentaram. A UBI enviou 150 alunos no âmbito do programa Erasmus+.

Vice-Reitor da UBI, José Páscoa

Este aumento deve-se à criação de estágios de curta duração, até uma semana, para alunos de doutoramento, para que estes também tenham a oportunidade de vivenciar uma experiência de mobilidade. “Até agora todos os estudantes da UBI colocados em Erasmus receberam bolsa: vamos buscar dinheiro a outros projetos do gabinete de internacionalização para aumentar o número de bolsas”, explica José Páscoa. Segundo o Vice Reitor, chegam muitos alunos de Espanha, Itália, Polónia, Roménia e Turquia. Porém o grosso dos estudantes da UBI vão para Espanha e Polónia.

Os programas de mobilidade permitem conhecer novas culturas, países, diferentes formas de ensinar e de aprender. “A universidade é um encontro entre um professor e um aluno e esta mobilidade estimulada pela União Europeia é extremamente positiva devido a essa troca de experiências”, disse José Páscoa Marques.

Tiago Machado é aluno de Psicologia e presidente da Erasmus Student Network (ESN) da Covilhã. Esta associação sem fins lucrativos é composta por voluntários que ajudam não só os alunos que chegam à cidade como aqueles que vão para fora do país. O “Survival Guide” é um guia que é dado aos estudantes que vêm de fora do país para conhecerem sítios em Portugal e na Covilhã e com várias informações e contactos de apoio. “Podem também ter o ESN card que proporciona vários descontos em lojas, bilhetes de autocarro e avião”, refere Tiago.

Tiago Machado, presidente da ESN Covilhã

Na Covilhã são cerca de 30 voluntários envolvidos nesta organização mas a nível internacional rondam os 15 mil. “É como pertencer a uma família, conheci muitas pessoas e fiz amigos não só portugueses mas de outros países também”, revela o presidente da ESN Covilhã. O trabalho por vezes intenso é compensado com a alegria de ajudar o outro. Tiago afirma ainda que “quem entra na ESN, não quer mais sair”.

 

 

 

 

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