As redes sociais estão a ganhar uma importância crescente nas campanhas eleitorais, de acordo com o segundo o estudo “Radar das Legislativas”, da autoria de investigadores do LabCom – Laboratório de Comunicação e Artes, da Universidade da Beira Interior (UBI). Nomeadamente entre os mais jovens, estas plataformas digitais constituem-se como fonte de informação, com peso na decisão de voto, “pelo que os partidos tenderão a investir cada vez mais nestas plataformas”, segundo os autores.
Com dados recolhidos entre 9 de novembro de 2023 (data da dissolução da Assembleia da República) e 19 de fevereiro de 2024 (fim dos debates televisivos entre os líderes partidários), o primeiro volume mostrava a estratégia partidária de divulgar propostas através das redes sociais e chegar aos eleitores mais jovens.
Agora, a análise do período de campanha reforça esta conclusão. “No caso das redes sociais, embora os valores globais se mantenham, a atividade aumentou de forma significativa, com uma produção diária de conteúdos que quintuplicou os números recolhidos na primeira edição do RADAR”, referem os autores do trabalho.
A consequência foi a adesão por parte dos utilizadores destas plataformas, segundos os investigadores João Canavilhas e Branco Di Fátima: “Os seguidores também intensificaram o seu envolvimento com os conteúdos publicados, triplicando o número de interações quando comparado com o período anterior. É este o objetivo dos partidos, que usam os seus seguidores para obterem um crescimento orgânico através das suas geografias de amizade”.
“Radar das Legislativas” analisa ainda o impacto das redes sociais no posicionamento dos mais jovens perante os partidos, com os resultados de um estudo exploratório conduzido entre estudantes universitários a mostrar a “importância destas plataformas na dieta informativa dos jovens”. Noutro plano, têm ainda um papel “importante no reforço do sentido de voto”, mas “quase quatro em cada 10 estudantes dizem que a informação consumida nestas plataformas pode mudar o seu voto”.
A televisão – particularmente os debates – “surge em paralelo com as redes sociais enquanto fonte privilegiada de informação sobres estas eleições”, referem os autores.
Outra conclusão relevante é o papel ambíguo das pesquisas no Google, que “não têm um papel importante no sentido de voto, pois numas regiões parece ter reforçado a tendência de voto, enquanto noutras pode tê-la desmobilizado”.