Natural do concelho de Vila Velha de Ródão (distrito de Castelo Branco), Manuel Alves Cargaleiro nasceu a 16 de março de 1927 e foi autor de uma obra que percorreu o mundo, tornando-se um dos mais conceituados e internacionais artistas plásticos portugueses.
A UBI atribuiu-lhe, em 2022, o Doutoramento Honoris Causa, o primeiro a ser outorgado pela academia a uma figura ligada às Artes Plásticas e que representou o reconhecimento da UBI a uma personalidade da Beira Baixa, que alcançou projeção internacional pelo talento demonstrado como ceramista e pintor. Um prémio ao qual Manuel Cargaleiro atribuiu, na altura, um significado “único”.
Iniciou-se na modelação de barro aos 18 anos, na olaria de José Trindade (Monte da Caparica). Frequentou a Escola Superior de Belas Artes, iniciando uma carreira nas Artes Plásticas.
Participou, em 1949, na “Primeira Exposição Anual de Cerâmica”, em Lisboa, iniciando um percurso que o levou a expor um pouco por todo o mundo. Em nome próprio, estreou-se, em 1952, expõndo pintura pela primeira vez no ano seguinte. De forma individual ou coletivamente, participou em mostras de países como Alemanha, Angola, Bélgica, Brasil, Espanha, França, Moçambique, Itália, Japão, Suíça e Venezuela.
Entre as diversas obras da sua autoria contam-se a passagem para cerâmica das estações da Via Sacra do Santuário de Nossa Senhora de Fátima; os painéis de cerâmica para o Jardim Municipal de Almada; o painel de azulejos para a fachada da nova Igreja de Santo António, em Moscavide; uma medalha da autoria do escultor Lagoa Henriques para comemoração do 25.º aniversário da atividade artística de Manuel Cargaleiro; e os painéis de azulejos de diversos locais públicos em Portugal, e da estação de metro “Champs-Élysées – Clemenceau”, em Paris.
De acordo com a Lusa, no último ano “teve patente as exposições “Eu Sou… Cargaleiro”, no Mosteiro de Ancede – Centro Cultural de Baião, no distrito do Porto, uma mostra de pintura na Casa Museu Teixeira Lopes – Galerias Diogo de Macedo, em Vila Nova de Gaia, intitulada “Cargaleiro, Pintar a Luz Viver a Cor”, e uma exposição de gravura no Fórum Cultural de Ermesinde, em Valongo, de nome “A essência da cor”. Este ano levou obras nunca expostas à sua oficina, no Seixal. Reuniu-se ainda a Vhils (Alexandre Farto) na criação conjunta da obra “Mensagem”, destinada a exposição no Museu Cargaleiro, em Castelo Branco. No passado mês de abril doou à sua terra natal, Vila Velha de Ródão, uma tela alusiva aos 50 anos do 25 de Abril, a que chamou “Festa da Gratidão”.”
Ao longo da carreira de várias décadas conquistou prémios nacionais e internacionais, bem como diversas condecorações: Comenda da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada de Portugal, agraciado pelo Presidente da República, General Ramalho Eanes (1983); Grau de Officier des Arts et des Lettres, atribuído pelo governo francês (1984); Grã-Cruz da Ordem do Mérito, condecorado pelo Presidente da República, Mário Soares (1989); Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, condecorado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (2017); Magister di Civiltà Amalfitana, atribuído na XVII edição do “Capodanno Bizantino”, em Itália, (2017). Em 2019, recebeu a Medalha de Mérito Cultural, atribuída pelo Primeiro-ministro António Costa e pela Ministra da Cultura, Graça Fonseca. Foi ainda homenageado no distrito de Setúbal e autarquias de Almada, Seixal, Vila Velha de Ródão, Castelo Branco e Paris. Em 2022, as Câmaras Municipais de Castelo Branco e de Lisboa homenagearam-no com as respetivas Medalhas de Honra da Cidade.
O Reitor da UBI, Mário Raposo, lamenta “a perda de um vulto da cultura da nossa região, que alcançou reconhecimento nacional e internacional, e muito contribuiu para o prestígio e engrandecimento do nosso País.”