A palestra foi realizada pelo arquiteto Volodymyr Babyak, docente da Lviv Polytechnic National University, localizada na cidade ucraniana de Lviv. O anfiteatro da Faculdade de Engenharia da UBI recebeu cerca de 40 pessoas, entre elas alunos e professores do curso de Arquitetura, Engenharia e Psicologia, para discutir e apresentar soluções sobre o desafio que representa a reconstrução das cidades da Ucrânia.
Na aula-aberta relatou os desafios enfrentados pelos arquitetos ucranianos desde o início da guerra. “Nos primeiros meses do conflito, a população estava física e mentalmente exausta, sem saber como reagir ou ajudar. Depois de seis meses, entendemos que não éramos apenas cidadãos, éramos arquitetos”, afirmou.
Afonso Nuno Martins, professor da Faculdade de Arquitetura da UBI, ressaltou a importância de trazer este tema para o ambiente académico. Segundo ele, os alunos são ensinados a trabalhar com arquitetura num contexto de paz, sem considerar cenários de guerra. “Os ucranianos não imaginavam que passariam por uma guerra e tiveram que atuar com pouco orçamento, escassez de materiais e numa realidade completamente diferente”, destacou.
A aula-aberta proporcionou uma reflexão sobre o papel da arquitetura na reconstrução de um país em guerra, destacando a importância do planeamento urbano para garantir o retorno da população deslocada e a reestruturação das cidades ucranianas.
A reconstrução das cidades exige um planeamento urbano que leve em consideração a mobilidade, a acessibilidade e o bem-estar da população. Pensar nos espaços com empatia, criar ambientes onde os idosos possam conviver, as crianças possam brincar e, sobretudo, garantir suporte à saúde mental daqueles que vivenciaram os traumas da guerra, pode ser uma opção. A partir disso, o mercado da arquitetura também se renova e surgem novas soluções.
A Ucrânia, localizada no leste europeu, possui uma população de mais de 43 milhões de habitantes e tem Kiev como capital. O país faz fronteira com sete nações, incluindo a Rússia, com quem mantém um histórico de tensões. Entre elas destaca-se a disputa pela Crimeia, uma península ucraniana, anexada em 2014 pela Rússia, e a aproximação do país à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
