Faleceu Manuel Cargaleiro, Doutor Honoris Causa da UBI

Renomado artista plástico faleceu este domingo, 30 de junho, aos 97 anos de idade.

Natural do concelho de Vila Velha de Ródão (distrito de Castelo Branco), Manuel Alves Cargaleiro nasceu a 16 de março de 1927 e foi autor de uma obra que percorreu o mundo, tornando-se um dos mais conceituados e internacionais artistas plásticos portugueses.

A UBI atribuiu-lhe, em 2022, o Doutoramento Honoris Causa, o primeiro a ser outorgado pela academia a uma figura ligada às Artes Plásticas e que representou o reconhecimento da UBI a uma personalidade da Beira Baixa, que alcançou projeção internacional pelo talento demonstrado como ceramista e pintor. Um prémio ao qual Manuel Cargaleiro atribuiu, na altura, um significado “único”.

Iniciou-se na modelação de barro aos 18 anos, na olaria de José Trindade (Monte da Caparica). Frequentou a Escola Superior de Belas Artes, iniciando uma carreira nas Artes Plásticas.

Participou, em 1949, na “Primeira Exposição Anual de Cerâmica”, em Lisboa, iniciando um percurso que o levou a expor um pouco por todo o mundo. Em nome próprio, estreou-se, em 1952, expõndo pintura pela primeira vez no ano seguinte. De forma individual ou coletivamente, participou em mostras de países como Alemanha, Angola, Bélgica, Brasil, Espanha, França, Moçambique, Itália, Japão, Suíça e Venezuela.

Entre as diversas obras da sua autoria contam-se a passagem para cerâmica das estações da Via Sacra do Santuário de Nossa Senhora de Fátima; os painéis de cerâmica para o Jardim Municipal de Almada; o painel de azulejos para a fachada da nova Igreja de Santo António, em Moscavide; uma medalha da autoria do escultor Lagoa Henriques para comemoração do 25.º aniversário da atividade artística de Manuel Cargaleiro; e os painéis de azulejos de diversos locais públicos em Portugal, e da estação de metro “Champs-Élysées – Clemenceau”, em Paris.

De acordo com a Lusa, no último ano “teve patente as exposições “Eu Sou… Cargaleiro”, no Mosteiro de Ancede – Centro Cultural de Baião, no distrito do Porto, uma mostra de pintura na Casa Museu Teixeira Lopes – Galerias Diogo de Macedo, em Vila Nova de Gaia, intitulada “Cargaleiro, Pintar a Luz Viver a Cor”, e uma exposição de gravura no Fórum Cultural de Ermesinde, em Valongo, de nome “A essência da cor”. Este ano levou obras nunca expostas à sua oficina, no Seixal. Reuniu-se ainda a Vhils (Alexandre Farto) na criação conjunta da obra “Mensagem”, destinada a exposição no Museu Cargaleiro, em Castelo Branco. No passado mês de abril doou à sua terra natal, Vila Velha de Ródão, uma tela alusiva aos 50 anos do 25 de Abril, a que chamou “Festa da Gratidão”.”

Ao longo da carreira de várias décadas conquistou prémios nacionais e internacionais, bem como diversas condecorações: Comenda da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada de Portugal, agraciado pelo Presidente da República, General Ramalho Eanes (1983); Grau de Officier des Arts et des Lettres, atribuído pelo governo francês (1984); Grã-Cruz da Ordem do Mérito, condecorado pelo Presidente da República, Mário Soares (1989); Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, condecorado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (2017); Magister di Civiltà Amalfitana, atribuído na XVII edição do “Capodanno Bizantino”, em Itália, (2017). Em 2019, recebeu a Medalha de Mérito Cultural, atribuída pelo Primeiro-ministro António Costa e pela Ministra da Cultura, Graça Fonseca. Foi ainda homenageado no distrito de Setúbal e autarquias de Almada, Seixal, Vila Velha de Ródão, Castelo Branco e Paris. Em 2022, as Câmaras Municipais de Castelo Branco e de Lisboa homenagearam-no com as respetivas Medalhas de Honra da Cidade.

O Reitor da UBI, Mário Raposo, lamenta “a perda de um vulto da cultura da nossa região, que alcançou reconhecimento nacional e internacional, e muito contribuiu para o prestígio e engrandecimento do nosso País.”

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