Menos é mais: Debate sobre o Decrescimento na Covilhã

Sede da CooLabora, Covilhã
Iniciativa chamou a atenção para a produção e o consumo sustentáveis.

Na sede da CooLabora – Cooperativa de Intervenção Social, decorreu na noite de sexta-feira (17/10) , o Encontro Nacional 2025 da Rede para o Decrescimento, entidade promotora de causas de justiça social e ambiental, onde foi realizado um debate com a comunidade sobre o decrescimento, uma forma de pensar o crescimento económico de modo a respeitar os recursos naturais e seus limites.

O encontro foi iniciado com a leitura de poemas relacionados a temática, seguido pela expressão de opiniões, dúvidas e propostas decrescentistas. Questões como o PIB, o sistema capitalista e a ligação entre economia e ecologia guiaram as conversas. O objetivo durante o debate, era colocar sempre duas pessoas como centrais em determinados assuntos, e haver a variação de participantes, indicado por uma cadeira que ficava vazia o tempo inteiro, para estimular alguém a ocupá-la, enquanto outro sairia para dar oportunidade de falar e expor suas ideias, por alguns minutos.

Susana Ribeira, membro da Rede há cinco anos, ressalta que discutir sobre o decrescimento é relevante porque o planeta Terra é, em si mesmo, um recurso finito. “Não é possível crescer infinitamente”, afirma, ao mostrar a importância do estabelecimento de limites, e mencionando que, a muitos séculos atrás, antes do sistema capitalista, o mundo crescia à medida de suas necessidades, tal como o caracol, símbolo que representa o movimento. Para Jorge Farel Pinto, outro membro da Rede, é preciso consciência quanto à produção e consumo apenas do que é necessário. “A terra é finita, os limites existem. Há essa sensibilidade alargada de que o sistema, o modo como nós vivemos, em que o consumo, a publicidade, a intoxicação de ideias nos leva a comprar mais aquilo de que não se necessita. Por isso, a tal noção de frugalidade, que cada um de nós deve ter, para comprar só aquilo que necessita”, disse o arquiteto urbanista.

Debate em andamento na sede da CooLabora

Uma das participantes do debate, a brasileira Denise Cristina Momo, professora do Instituto Federal do Rio Grande do Norte, foi convidada a participar pela orientadora de doutoramento Teresa Cunha, parceira da Rede para o Decrescimento. Ela revelou que desconhecia o tema antes do convite, e considerou o debate interessante para o estudo de sua tese sobre economia solidária, que está a desenvolver na Universidade de Coimbra. Segundo Denise, “se não houver utopia na vida da gente, nós não mudamos a realidade”. Além disso, a professora acredita que “as mudanças começam com poucas pessoas”.

 

Denise Cristina Momo à esquerda, em momento de fala

O encontro nacional durou três dias, e promoveu ainda um passeio pela cidade, dois workshops com temática ambiental e terminou com a apresentação criativa dos trabalhos desenvolvidos pelo grupo. Nos anos anteriores, o evento aconteceu em Vila Velha de Ródão, Mértola e Lisboa. Na Covilhã, além da organização da CooLabora, o evento contou com o apoio do Museu de Lanifícios.

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