Museu dos Lanifícios recebe apresentação do livro “O design por dentro das palavras”

Guilherme Sousa, Aurelindo Jaime Ceia e Luís Frias
A iniciativa da Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior abordou a importância do design na esfera pública e a ligação que ele promove entre as artes e as humanidades.

No passado dia 22 de março, pelas 17h00, realizou-se no auditório do Museu dos Lanifícios, Real Fábrica Veiga, a sessão de apresentação do livro “O design por dentro das palavras” de Guilherme Sousa e Aurelindo Jaime Ceia.

O livro, editado em 2020, é “uma vítima colateral da pandemia”, como disse Luís Frias, docente do Departamento de Artes, e aborda o percurso do designer e professor de Belas-Artes, Aurelindo Jaime Ceia. A obra conta com textos originais e republicados, num total de cerca de trinta trabalhos comentados da autoria do designer e um texto autobiográfico e de dimensão mais poética que fecha o livro.

Cartaz de apresentação da sessão (Instagram @museudelanificios)

Emanuele Inácio, de 22 anos, aluna da licenciatura em Design de Multimédia, marcou presença porque tem interesse na parte educacional e em perceber como ela interage com a arte, elogiando este tipo de iniciativas por parte da universidade. A estudante procura “entender um pouco mais sobre o percurso do professor (Ceia) até à criação deste livro”. Com preocupações relativamente ao processo criativo do design, Emanuele sente que as práticas criativas são muito condicionadas a certos valores no meio académico. Por isso procurou perceber como pode alargar esses valores para maior liberdade criativa: “por muito que se fale de liberdade e criatividade” e não sente que isso seja “realmente aplicado dentro dos trabalhos desenvolvidos”, disse.

O autor explicou que “o primeiro interesse de escrever este livro foi escrever este livro” pois, acabado de se licenciar, caiu-lhe este convite ao colo. Pelas razões que o ligam a Jaime Ceia, como o interesse pelo seu trabalho, o pensamento crítico e o ensino, não podia recusar. O desafio era o de tornar este trabalho relevante e influente para os mais jovens e conseguir transmitir a relação importante do design, com a cultura e a política pois o “design tem essa dimensão antropológica” afirmou Guilherme Sousa. Quanto ao feedback sobre o livro, o autor confessa que o facto de ele promover encontros como este, ou conversas informais sobre o tema, enchendo salas de pessoas jovens e interessadas, cumpre o seu objetivo.

Aurelindo Ceia, “sem senhor atrás” como disse entre risos, pediu que ouvissem criticamente um breve texto sobre o papel do design e o pensamento argumentativo na sua produção. O autor deu destaque à responsabilidade das escolas em desenvolver mecanismos que acompanhem o desenvolvimento desta área, enquadrando-os no contexto cultural das ciências da comunicação e alargando esta visão à comunidade em geral.

 

Público (fotografia de Andreia Félix)

Os dois autores incentivaram estes novos designers em formação a usar a voz, a pensar criticamente pois “hoje mais do que nunca temos todos os meios do nosso lado e é mais fácil escrever, pensar, refletir… Vocês têm uma voz e nunca é tarde demais para usá-la” incentivou Guilherme.

De sala cheia, maioritariamente com estudantes da licenciatura e mestrado em Design de Multimédia, a sessão de apresentação foi finalizada com um espaço para questões encorajando a um diálogo mais informal.

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