“Se o governo não criar incentivos para o Interior, o Presidente deve intervir”

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Candidato à Presidência da República esteve na Universidade da Beira Interior dia 25 de abril, onde defendeu o combate ao despovoamento, o reforço do investimento no interior e a valorização da participação jovem na política.

Luís Marques Mendes veio à Universidade da Beira Interior (UBI) para apresentar a sua visão enquanto candidato à Presidência da República, em matérias sobre os jovens e o interior do país. Em entrevista ao Urbi et Orbi, destacou a importância de utilizar os dois principais poderes do cargo: a palavra e a mediação, para enfrentar desafios estruturais como o despovoamento do interior, a desigualdade de oportunidades e o problema da habitação.

 

Qual tenciona que seja, se vencer as presidenciais, o seu papel perante o governo?

Eu acredito naquilo que sou, naquilo que faço e acredito na minha coerência. É muito raro, a meu respeito, encontrarem uma contradição, encontrarem uma incoerência. Isso é normal num político. Comigo é muito difícil, porque eu levo muito a sério tudo aquilo que digo e aquilo com que me comprometo.

Eu estou aqui a dizer, eu quero ser um Presidente da República diferente, mediador. O que é um mediador? É uma pessoa que junta o líder do governo e o líder da oposição e os põe a uma mesma mesa a aproximar posições para desbloquear situações que precisam ser desbloqueadas, para resolver situações que precisam ser resolvidas.

O Presidente da República tem de fazer esse papel e é aquilo que eu me proponho fazer. É um pouco diferente daquilo que os Presidentes da República nos últimos anos têm feito. Pois bem, é aquilo que eu proponho fazer e acho que vou cumprir.

 

Caso seja eleito Presidente, como tenciona usar a sua magistratura para combater o despovoamento do interior, sobretudo nos mais jovens?

O Presidente da República tem de usar a sua mediação para desbloquear situações. O interior para se desenvolver precisa de mais empresas, a maior parte das empresas quer instalar-se no litoral. É preciso criar um sistema de incentivos financeiros para que elas sintam que têm vantagem em vir para o interior.

Se um governo não faz isto, um Presidente deve intervir, deve chamar à atenção e deve tentar desbloquear estas questões. Esta é a minha forma de intervenção que eu defendo para ajudar as pessoas do interior, os jovens e os menos jovens, ou seja, dar outra presença ao interior, colocar o interior no mapa de Portugal.

Como gostaria que os jovens olhassem para a sua campanha?

É difícil encontrar um candidato que goste de falar mais com os jovens do que eu, é impossível encontrar outro candidato que faça tantas sessões de debate com jovens. É difícil encontrar um candidato que tenha um espírito jovem, irreverente, exigente, inconformado, como eu tenho. Quer dizer, pode haver candidatos que tenham tudo isto, difícil é ter mais.

E por isso, acho que sou portador de uma mensagem jovem por um lado, mas ao mesmo tempo com experiência. Tenho experiência, sei como é que as coisas se fazem. E quem é que tem, dos candidatos que estão aí mais ou menos assumidos?

Maior experiência do que eu no poder local, como secretário de Estado, como ministro, como deputado, como líder parlamentar, como líder partidário? Tudo isto foi-me dando experiência. E a experiência significa segurança.

 

Acredita que os jovens têm maturidade política nos dias que correm?

Os jovens têm mais do que maturidade e eu tenho sentido em todo o lado, mais ou menos de norte a sul, onde tenho estado com jovens, uma simpatia e uma adesão enorme. Portanto, não tenho nenhum tipo de desconfiança relativamente aos jovens e, pelo contrário, tenho uma enorme confiança.

 

Qual é a sua posição sobre o descongelamento das propinas?

Já disse que eu não tenho oposição a essa matéria, ao descongelamento, porque é uma forma de financiar as universidades. Desde logo esta aqui da Beira Interior, que foi muito afetada nos últimos anos em matéria de financiamento.

Acho que essa questão tem que ser articulada e tomada a decisão, ao mesmo tempo, que seja aprovado o novo modelo da ação social escolar. Para garantir que nenhum jovem sem recurso é afetado no exercício do seu acesso à universidade e no exercício do seu curso, sobretudo nos últimos anos em que os custos de alguns bens subiram muito, que é o caso da habitação. Portanto, não tenho nenhuma objeção, desde que ao mesmo tempo seja tratada a questão da ação social escolar.

 

E no que toca à habitação, acha que devem ser apresentadas medidas para restringir o investimento imobiliário estrangeiro?

Não, o problema da habitação fundamentalmente não é esse. Não temos que restringir, temos que construir. Essa é a diferença. Sabe quantas casas se construíam em Portugal há 20 anos? Cem mil por ano. Hoje não se constrói 10%. Portanto, este é o problema.

Há mais procura e há menos oferta. Portanto, o problema é construir. Tem que se construir muito mais, quer o setor público, seja autarquias, seja o governo, quer os particulares.

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