Subfinanciamento é “uma tremenda injustiça”

Reitor da UBI voltou a sublinhar o subfinanciamento crónico da instituição, na cerimónia comemorativa dos 39 anos.

O reitor da Universidade da Beira Interior (UBI), Mário Raposo, reiterou, durante a cerimónia do 39.º aniversário da instituição, que a UBI tem sido “a universidade portuguesa menos financiada, por aluno, desde 2009”, o que considera uma “tremenda injustiça e falta de equidade”.

Apesar de o orçamento de Estado transferido para a UBI ter aumentado de 26 milhões de euros, em 2021, para 39 milhões de euros em 2025, Mário Raposo lamentou que a instituição ainda não tenha atingido o orçamento real a que tem direito. Naquela que foi a sua última intervenção protocolar enquanto reitor, o responsável máximo da instituição aproveitou para sublinhar que este subfinanciamento prejudicou a UBI durante uma década e meia, afetando o seu desenvolvimento e competitividade.

O reitor expressou ainda a esperança de que a UBI possa realizar um contrato-programa com o Governo, permitindo “os investimentos necessários para a sua expansão e para a requalificação do imobilizado, porque é uma questão de justiça para com a nossa universidade”, considera.

Mário Raposo lembrou ainda o importante papel da UBI na região, já que se “assume como um motor de desenvolvimento do território, nos domínios científico, económico, social, recreativo, cultural, artístico, desportivo e de saúde pública”.

A cerimónia solene, realizada no dia 30 de abril de 2025, no Grande Auditório da Faculdade de Ciências da Saúde, contou também com as intervenções do presidente da Associação Académica da UBI (AAUBI), João Nunes, e do presidente do Conselho Geral, João Casteleiro Alves. Durante o evento, foi atribuído o Doutoramento Honoris Causa a João Pedro Oliveira e Costa, CEO do Banco BPI, reconhecendo o seu percurso de excelência no setor empresarial.​

João Nunes agradeceu a dedicação de Mário Raposo à universidade e destacou a necessidade de resolver problemas estruturais que travam o desenvolvimento da instituição. Entre os desafios mencionados, salientou o alojamento estudantil e as cantinas. Referiu que “um dos desafios mais urgentes que enfrentamos é o alojamento estudantil”, considerando que o aumento de 29 camas é insuficiente face às necessidades reais dos estudantes. Também apontou que as cantinas continuam a sobreviver com respostas paliativas que não resolvem os problemas estruturais. Sobre a saúde mental, destacou o projeto “Altamente Saudáveis” e a implementação das Bolsas Sociais de Apoio Psicológico, que já abrangeram mais de 100 estudantes. Além disso, mencionou a importância do desporto académico e a necessidade de mais e melhores infraestruturas para os estudantes desportistas.​

O presidente do Conselho Geral, João Casteleiro Alves, destacou a UBI como um “farol de desenvolvimento”, que vai além do ensino e da investigação. Sendo nascido e formado na Covilhã, reforçou que o interior do país tem valor e pode ser um promotor de crescimento económico, social e cultural. Concluiu o seu discurso afirmando que “a UBI sonhou grande, cresceu e continua a crescer, abraçando a modernidade, sem se esquecer das suas raízes e da sua identidade”.​

 

“Juntos podemos fazer a diferença e deixar um mundo melhor”

Na cerimónia do passado 30 de abril foi ainda atribuído o doutoramento honoris causa ao CEO do Banco BPI, João Pedro Oliveira e Costa. A proposta para a atribuição desta distinção partiu do reitor da UBI, reconhecendo o percurso de excelência do homenageado no setor empresarial.

Fátima Barros, administradora do BPI foi a madrinha do agraciado, que destacou como sendo “um homem de causas” e elogiou a sua “rara conjugação de excelência profissional, integridade ética, liderança inspiradora e profundo humanismo”.​

No seu discurso de agradecimento, João Pedro Oliveira e Costa expressou que receber esta distinção representa “uma enorme honra” e acrescentou que “estes gestos aumentam a sua responsabilidade”. O CEO do BPI sublinhou ainda o papel da UBI como “impulsionadora da cidade e da região”, destacando o seu potencial para “fazer a diferença”. O novo doutor honoris causa da UBI aproveitou a ocasião para, através da sua experiência, lembrar que “ninguém muda o mundo sozinho, mas juntos podemos fazer a diferença e deixar um mundo melhor”.

João Pedro Oliveira e Costa nasceu em Lisboa, a 15 de outubro de 1965, tendo obtido o grau de licenciado em Administração e Gestão de Empresas pela Universidade Católica Portuguesa. No BPI, atual Grupo CaixaBank, conta com 34 anos de carreira, tendo liderado o Private Banking e, mais tarde, os Centros de Investimento do banco, cargos que ocupou até 2014. Antes de ser nomeado CEO em novembro de 2020, era responsável pelas áreas de negócio de Particulares e Negócios e Membro da Comissão Executiva do BPI.

Foi ainda Administrador Não Executivo da Companhia de Seguros Allianz Portugal e da Sociedade Gestora BPI (Suisse), até dezembro de 2020. Iniciou a carreira profissional no sector financeiro há 36 anos, na área de gestão de ativos, no grupo BCP. Em 2024, foi distinguido com o Prémio Carreira, atribuído pela Católica Lisbon School of Business & Economics.

Esta homenagem e distinção integraram-se nas comemorações do 39.º aniversário da UBI, que incluíram também a outorga de Cartas de Agregação, entrega de medalhas a docentes e funcionários, atribuição de prémios de mérito escolar e de voluntariado, bem como a assinatura de um protocolo institucional com a Ordem dos Engenheiros.

Pode ler também