O desafio financeiro dos estudantes universitários

Lisboa - Fotografia retirada da Internet

Todos os anos em setembro, os estudantes finalistas do ensino secundário começam uma nova etapa, a frequência do ensino superior. Esta nova etapa traz consigo uma decisão difícil. Devem de permanecer no sítio onde residem, com os pais, onde constantemente vão ter o conforto familiar e uma maior estabilidade económica?  Ou será que o melhor é mudarem de cidade ou de distrito com o objetivo de ter mais oportunidades a nível de cursos, mas em contrapartida terem de assegurar os custos principalmente de alojamento,  que têm aumentado em várias regiões do país ? A escolha de permanecer ou sair de casa é cada vez mais complexa e exige uma reflexão por parte dos pais e dos estudantes sobre as vantagens e os desafios de cada alternativa.

De acordo com o jornal Público, a maior parte dos custos dos estudantes que se deslocam para outra cidade para estudar está relacionada com o preço das habitações e com os gastos  na alimentação. Segundo o Eurostudent,iniciativa de cariz europeu,  os pais desses estudantes financiam cerca de 56 % dos gastos enquanto os próprios estudantes pagam cerca de 44%. Isto leva a considerar que, a nível europeu, Portugal é um dos países em que os estudantes dependem mais da família para as suas despesas.

Já dados apresentados pela CNN Portugal mostram que um aluno que saia de casa dos pais para ir estudar para fora, precisa em média, de 58% do salário mínimo nacional, apenas e somente para o alojamento sem as despesas incluídas. Lisboa é a cidade mais cara, onde em média se paga cerca de 500 euros por um quarto. Já a cidade da Guarda é a que apresenta preços mais em conta, na ordem dos 160 euros pelo alojamento.  

Os custos das habitações, tem variado consoante a localização. Em cidades como Lisboa e o Porto, os preços aumentaram significativamente nos últimos anos. Os dados do Observatório Alojamento Estudantil referem que na cidade da Covilhã, os valores ainda tendem a variar entre os 180 euros e os 200 euros.  A melhor solução para os estudantes deslocados e que pretendem minimizar os custos, é mesmo, as residências universitárias, onde em certas ocasiões, as despesas com a luz, gás e eletricidade já se encontram incluídas no valor mensal. O problema é que, muitas vezes, a elevada procura é demasiada para a quantidade de residências universitárias que existem. 

Para além dos custos relacionados com alojamento, um estudante deslocado enfrenta outras despesas mensais que também podem influenciar na decisão. Os gastos relacionados com a alimentação, são a segunda componente maior de despesa, podendo variar entre 150 a 200 euros por mês. Já as propinas do ensino superior público somam 697 euros anuais, o que representa um gasto mensal de 69,70 euros caso sejam pagas em dez prestações. Também é importante frisar, que ainda há despesas com transportes, que variam consoante a distância entre cidade natal e aquela para onde o estudante se vai deslocar. Despesas com internet, atividades sociais e de lazer. Juntando todas estas despesas, é bem possível que um estudante deslocado necessite de um orçamento mensal considerável, com valores superiores a 800 euros.  

Apesar de estudar fora de casa ser a escolha de muitos, permanecer na casa dos pais tem benefícios. De acordo com um estudo do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, os alunos que continuam a viver com os pais após a conclusão do ensino secundário, gastam em média, menos 781 euros anualmente, comparado aqueles que vão estudar para fora. 

As despesas anuais de um estudante que vive com os pais ronda os 5.488 euros, enquanto os que se deslocam gastam em média 6.269 euros por ano. 

O relatório Eurostudent revela que 49% dos estudantes universitários em Portugal continuam a viver com os pais durante o seu percurso académico tanto na licenciatura como no mestrado. Nestes casos, os estudantes costumam assumir cerca de 26% dos custos totais relacionados com a educação. Embora viver com os pais não significa a ausência total de custos, pois estes estudantes, também têm despesas  relacionadas com  alimentação, os transportes, material escolar, entre outras necessidades pessoais.  

Sendo assim, a escolha de ir viver e estudar para fora não deve só depender das questões financeiras. Apesar de todos os custos, ir para fora também pode ser considerado benéfico, porque proporciona um maior nível de independência e um maior grau responsabilidade que podem vir a ser úteis para um melhor futuro profissional. Por outro lado, permanecer em casa dos pais, a nível financeiro é mais estável, mas ficar em casa também pode significar uma maior limitação na escolha do curso, e outras restrições na vida académica. 

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