Economia circular: uma solução para o planeta

Para uma terra de aspeto redondo e com problemas de todos os formatos, eis que surge uma forma de alívio na mesma forma geométrica e que pode ajudar as gerações atuais e futuras a preservar o nosso planeta: a economia circular. É sobre ela que se reflete atualmente de forma a criar um modelo económico que siga a lei de Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

Ainda que não entendamos muito bem o que se passa quando as notícias nos alertam sobre o aumento populacional, a escassez de recursos naturais, os problemas sociais decorrentes da globalização e, finalmente, o impacto ambiental, com certeza já reparamos que o clima está a mudar: incêndios descontrolados num lado do planeta quando o outro lado se afunda em cheias.

E enquanto tudo isto acontece, cientistas e economistas procuram desbravar terreno com vista a encontrar soluções sustentáveis que nos permitam enfrentar e contornar a situação. O modelo económico circular pretende redesenhar processos e produtos; redesenhar serviços de forma que a produção se torne ecologicamente eficiente e que os produtos tenham um ciclo de vida maior.

No sentido prático, isto significa reduzir desperdícios ao mínimo. O ciclo de vida de um produto torna-se circular quando chega ao fim da vida e os seus componentes são mantidos dentro da economia, sendo reparados, reciclados ou reutilizados.

Para identificar os objetivos deste modelo, podemos escolher verbos que se iniciam com a letra R como: reduzir, reutilizar, reciclar, reparar, renovar e até recuperar. Concentrados em abandonar o hábito de usar e deitar fora estamos a fortalecer a economia e a ajudar o planeta a sobreviver. Segundo Telma Catarina Gonçalves, economista e doutoranda do programa de ambiente e sustentabilidade da Universidade Nova de Lisboa, “todos podemos contribuir para tornar o mundo mais circular. Desde os pequenos gestos como ter o cuidado de separar os nossos resíduos a escolher consumir produtos que sejam feitos de materiais reciclados. Reutilizar embalagens, reciclar roupa, repensar compras – «será que preciso mesmo comprar determinado produto?” – ou consertar objetos em vez de se desfazer deles. Esta forma de pensar, em círculo, assenta assim na partilha, na reutilização, na reparação, na renovação e na reciclagem contínua de produtos e materiais. O principal objetivo é aumentar o ciclo de vida dos produtos e, consequentemente, diminuir a produção de resíduos. Em Portugal a produção de resíduos por habitante supera os 410 kg por ano, a quantidade máxima de resíduos fixada no Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos 2020.”

A União Europeia não é indiferente ao tema e está mesmo a financiar práticas de economia circular, permitindo acreditar em dias melhores e menos focados no consumismo intenso. “O plano de ação europeu para a economia circular pretende mudar o paradigma e assegurar a transição de uma economia linear para uma economia circular que incide em diferentes áreas políticas, fluxos de materiais e setores e de diversas propostas legislativas: metas para aterros sanitários, reuso e reciclagem a serem cumpridas até 2030. Os plásticos são outra área de incidência deste plano, para a qual foi criada uma estratégia setorial própria. Entre 2016 e 2020 a UE destinou aproximadamente 10 mil milhões de euros para a transição para a economia circular”.

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