No âmbito da comemoração do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, na tarde de dia 18 de abril, o Museu dos Lanifícios recebeu a conferência “Uma exposição científica oitocentista a marcar a mudança na Serra da Estrela”.
Numa pequena sala da Real Fábrica Veiga, com o som de água corrente em fundo, o público, composto por poucos jovens, encontrou um ambiente descontraído para ouvir de Helena Gonçalves Pinto a história de uma expedição à Serra da Estrela ocorrida em agosto de 1881. Esta iniciativa inseriu-se nas comemorações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, que este ano tem como temática “Património e Mudança”.
A expedição, que é o tema do livro de Gonçalves Pinto intitulado Uma viagem ao cume do conhecimento, foi um acontecimento que juntou várias áreas disciplinares da ciência no mesmo local com objetivos comuns: analisar a adequação do território à construção de sanatórios para a cura de doenças pulmonares, como a tuberculose, e perceber que mudanças podiam acontecer na serra se todas as ciências a estudassem.
Segundo Rita Salvado, diretora do Museu dos Lanifícios, a apresentação procurou destacar como o conhecimento do território pode ser determinante no futuro. “Neste sítio vivemos momentos dramáticos em agosto, com os incêndios da Serra da Estrela. É muito importante o conhecimento do sítio para podermos criar resiliência e podermos valorizar”, afirma.
Esta jornada teve uma dimensão sem precedentes, com uma centena de participantes a acampar durante 15 dias e acompanhamento permanente por crónicas no Diário de Notícias. Apesar de alguns resultados nunca terem sido publicados, várias instituições do país acolheram elementos ligados à expedição, que teve como principal resultado a construção do sanatório das Penhas Douradas.
Helena Gonçalves Pinto terminou a sessão reiterando a singularidade e importância da expedição de 1881 para o avanço da ciência em Portugal, referindo-se a esta como “um momento histórico que foi único e muito arrojado”.
Além da conferência, o Museu dos Lanifícios também organizou visitas guiadas gratuitas aos seus vários núcleos, com especial foco na Rota da Lã Translana, que foi também destacada no final da apresentação devido à quantidade deste material que os expedicionários transportavam consigo no caminho até ao Planalto Central.