Entre os dias 15 e 17, a freguesia de Alpedrinha, no concelho do Fundão, recebeu a 22ª edição dos Chocalhos – Festival dos Caminhos da Transumância. O evento tem como propósito celebrar a prática pastoril e a Rota da Transumância, relembrando os percursos dos rebanhos da Serra da Estrela e os campos de Idanha-a-Nova.
É uma tradição muito antiga realizada pelos pastores que se movimentavam no Inverno até Idanha a Nova e no Verão regressavam à Serra da Estrela, com o objetivo de procurar alimento para os seus rebanhos
A 22ª edição do Festival dos Chocalhos contou com um leque diversificado de atividades que promoviam o património cultural pastoril, como a exposição canina especializada de cães de condução de rebanhos, realizada no dia 14 setembro. Pedro Tavares da Covilhã, visitou o certame pela primeira vez e destacou que o que mais o impressionou foi a exposição dos cães e a animação de rua, principalmente com os instrumentos de percussão. Para ele, o festival foi uma oportunidade não apenas para diversão, mas também de aprendizagem “ Foi interessante conhecer as raças autóctones da Covilhã e perceber mais sobre a tradição da transumância aqui na região.”
A animação de rua foi também um destaque do festival e durante os três dias marcaram presença grupos de música tradicional que percorrem as ruas de Alpedrinha, proporcionando um ambiente festivo e acolhedor.
Olga Caetano veio de Castelo Branco e quase todos os anos está presente , o formato do festival é uma forma de relembrar a história local. “ Remonta a uma atividade que já se fazia há muitos anos, a transumância dos rebanhos. A animação que percorre as ruas é muito típica e, além disso, gostamos muito da comida, vamos petiscando aqui e ali.”
Entre os destaques musicais estão as atuações de Omiri (na sexta-feira, dia 13) e da Brigada Victor Jara (no sábado, dia 14), que animaram a rua com ritmos pastoris.
No dia 15 realizou-se uma Travessia da Gardunha com rebanho, esta caminhada reconstitui o percurso histórico dos pastores e dos seus rebanhos num percurso linear de 8 km. Esta rota fez com que as paisagens da serra da Gardunha ganhassem outro encanto com o som dos chocalhos e do som dos pastores a chamar os rebanhos de forma a que nenhuma ovelha se perdesse.
Para além das atividades relacionadas com o pastoreio, o festival contou ainda com diversas oficinas de tricô e conversas sobre a transumância onde se discutiram temas sobre a preservação das tradições locais e o impacto da transumância na cultura da região. Maria Miguel, que é da freguesia, considera que o festival tem um papel fundamental nas tradições: “Acho que é super importante para manter a parte cultural e para atrair pessoas para esta zona. Esta tradição começou a desaparecer, mas o festival acaba por assegurar um pouco dessa memória.”
O festival oferece um espaço de convívio entre as gerações das as áreas urbanas e das áreas rurais. “Permite que pessoas do meio urbano convivam com quem vive no meio rural, o que acaba por ampliar as oportunidades de negócio para todos”, acrescentou Pedro, sublinhando a importância do evento para a economia local.
Com uma vasta oferta de atividades, desde exposições, concertos e workshops, o Festival dos Caminhos da Transumância continua a afirmar-se como um evento de referência para a promoção do património cultural e histórico da região.
