De estudantes a empresários: A jornada da Star Junior Enterprise

Imagem via site da Star Júnior Enterprise.
Da Covilhã a Cabo Verde, a empresa que conta com 15 projetos realizados e mais de 30 formações. Atualmente, são 31 os membros que dela fazem parte.

São cada vez mais aqueles que escolhem continuar os seus estudos indo para a universidade. Mas muitos dos jovens, quando acabam as licenciaturas ou mestrados, que são altamente teóricos e pouco práticos, grande parte deles sem ter qualquer tipo de estágio, vão em busca de trabalho, e deparam-se com uma falta de experiência, o que dificulta a sua entrada no mercado de trabalho.

Em 2020 foi criada por alunos da UBI a STAR Junior Enterprise, empresa sem fins lucrativos que procura dotar os alunos, membros da empresa, de capacidades e experiências. O ponto de partida para a criação e desenvolvimento da STAR JE é esta falta de formação prática como explica o CEO da empresa Miguel Raposo, estudante de Sociologia da UBI e CEO desde 2023, “quando vamos entrar no mercado de trabalho não temos a experiência necessária, mas também nunca nos vão permitir ter essa experiência, a empresa tem mesmo como objetivo preparar os jovens para o mercado de trabalho”. A STAR JE concentra os seus serviços no âmbito tecnológico, desenvolvimento de websites, aplicações e na parte da consultoria tecnológica.

Miguel Raposo, CEO e estudante da Licenciatura de Sociologia

Cada vez mais, segundo Miguel Raposo, os núcleos de estudantes e associações académicas tomam iniciativas para preparar os jovens para o mercado de trabalho contudo, na visão do CEO da STAR JE, essas iniciativas e atividades que “são de louvar obviamente” não se comparam ao que a jovem empresa consegue proporcionar aos jovens estudantes já que esta dá a oportunidade aqueles que dela fazem parte de trabalhar diretamente com empresas dando “aos estudantes a maior aproximação ao mercado de trabalho de modo a torná-los mais valiosos e mete-los um passo acima do resto dos estudantes” afirma Miguel Raposo. O CEO não esconde a ambição de tornar os membros da empresas os mais bem preparados para entrar no mundo do trabalho sendo, eles mesmos, procurados pelas empresas. 

A equipa da empresa é, toda ela, composta por estudantes que são constantemente postos à prova com os desafios apresentados pelos clientes aos quais tem de saber responder, estando num constante processo de aprendizagem.  Contudo, segundo o dirigente da empresa, “o objetivo da STAR também é dar um espaço para as pessoas errarem porque se elas errarem na STAR não há problema nenhum, recomeça e faz outra vez. Eles não vão perder o lugar por terem cometido um erro, portanto esse medo de errar é totalmente combatido”.

A STAR Junior Enterprise está ligada de forma direta à Universidade da Beira Interior, tendo sido formada na UBI e sendo constituída por alunos da universidade que estão a tirar as mais diversas licenciaturas ou mestrados. A ligação entre as duas organizações é, portanto, forte contudo Miguel Raposo sente que a STAR JE poderia contar com mais apoio da universidade e que, a mesma, muitas das vezes que lança iniciativas que visam preparar os jovens estudantes para o seu futuro o faz de modo desajustado e inadequado, facto que lamenta pois  “se houvesse mais proximidade poderíamos dar muito mais aos alunos, temos de criar um movimento mais forte porque muitas vezes criamos iniciativas que por serem individuais acabam por não ter o alcance que desejaríamos”.

Nestes quatro anos de existência são já mais de 15 os projetos desenvolvidos por esta jovem empresa. O CEO da STAR JE realça os projetos ligados à responsabilidade social, aqueles que têm um impacto direto nas instituições e na vida das pessoas, destacando o projeto para uma fundação de voluntariado na África, a Fundação de Criança e Juventude. Este foi um projeto um pouco complicado devido à distância que separa as duas organizações mas os resultados obtidos superaram qualquer tipo de dificuldade, graças à STAR JE a fundação tem agora uma forma de receber as doações que necessita para operar. Além deste tipo de projetos, Miguel destaca aqueles “ onde depois as pessoas para quem fizemos o projeto vem abordar para sabermos a nossa disponibilidade futura para ingressar no mercado de trabalho, eu acho que são esses que também nos deixam mais contentes porque está a realizar o propósito da nossa organização. Com os projetos, acabamos por retirar aprendizagens dos nossos clientes, porque obviamente eles têm mais conhecimento a transmitir, logo achamos que podemos aproximar os estudantes da UBI dessas empresas e desses conhecimentos.”

Com o seu mandato já a chegar ao fim, Miguel confessa que ficou com “aquele bichinho de ter tanta coisa para fazer e só nos apercebemos disso quando estamos quase no fim”. A experiência de ser CEO é algo que dá muita bagagem e humildade, só por ter este cargo de grande importância numa empresa, não significa que tem de saber tudo, quando se erra aprende-se e existem sempre pessoas a quererem ajudar. Os conhecimentos adquiridos, a modéstia e o contacto com as pessoas é o principal, que o CEO, retira desta experiência.

Um saudoso testemunho da casa 

António Xia, aluno de mestrado da UBI, foi membro da empresa STAR JE. “Na altura em que me candidatei eu estava à procura de formas de melhorar o meu currículo, por coincidência uma amiga minha que estudou na UBI em economia estava na altura na direção da instituição e disse-me para me candidatar, pois era uma forma de ganhar experiência no mercado de trabalho.” O próprio explica como é estar na empresa, A STAR JE tem vários departamentos nos quais qualquer pessoa se pode enquadrar, nomeadamente num dos mandatos nos quais eu trabalhei com a empresa, a equipa era das mais variadas sendo que tínhamos gente de todas as faculdades da UBI a integrar os cargos mais variados em todos os departamentos, pois o que a organização nos ensina não é só para integrar o mundo empresarial, mas sim o mundo do trabalho.

António Xia, estudante de Economia e antigo membro da Star JE.

Segundo o mesmo, o recrutamento passava por 5 partes. “A primeira parte passa pela submissão do currículo e do preenchimento de um formulário de inscrição. Após a avaliação do currículo os recrutadores reúnem e escolhem os melhores candidatos para serem entrevistados a nível pessoal, para nos darmos a conhecer aos recrutadores. Na fase seguinte passamos a entrevista técnica onde nos são feitas perguntas relativas ao cargo ou cargos ao qual nos candidatamos para saber se temos experiência ou pelo menos as breves noções sobre os cargos. A penúltima fase é um evento de trabalho em equipa no qual as pessoas que chegam a essa fase são colocadas a resolver um conjunto de problemas para se conseguir avaliar as suas capacidades de resolução de problemas”. Refere ainda que  após este processo quando chegam à fase final e entram no período trainee, onde formam uma equipa e começam a trabalhar em vários projetos. Os que demonstrarem os valores e empenho que a empresa valoriza são convidados a tornar-se colaboradores e a fazer parte oficialmente da STAR JE. 

António Xia, já tem cinco anos de percurso académico, desses cinco, pouco mais de três anos passou na Star, e descreve que “foi das melhores experiências que tive e que me deixou muito mais preparado para o mercado de trabalho. Trabalhar numa júnior empresa enquanto estamos a tirar uma licenciatura ou um mestrado é uma das melhores coisas que um estudante pode fazer, este tipo de iniciativa ajuda-nos a ganhar mais responsabilidade e disciplina, características muito valorizadas no mercado de trabalho.” António acrescenta que atualmente está a começar a trabalhar numa empresa com uma equipa muito jovem e num cargo bastante similar ao que ocupava na empresa. Antônio não esconde o entusiasmo e partilha a outras pessoas candidatarem-se na STAR, “ Sem qualquer dúvida eu sempre recomendei a todo o tipo de estudantes independentemente do curso a entrar na STAR JE.” 

Mãos à obra: um projeto noutro continente

A Fundação da Criança e da Juventude, uma Instituição de Solidariedade Social sem fins lucrativos e estabelecida em São Tomé e Príncipe, sentiu a necessidade de ter a ajuda de uma associação que se focasse no combate ao abandono escolar e melhoria da educação na camada infanto-juvenil vulnerável em Portugal. 

 A FCJ tem como missão melhorar a equidade de oportunidades das camadas mais carenciadas de São Tomé, promovendo a educação, a saúde e os direitos humanos das crianças. “Consideramos também de extrema importância, a aposta no ensino não-formal, enquanto reforço dos conhecimentos adquiridos na escola, e zelamos pela ocupação de tempos livres, através de atividades lúdico-pedagógicas, com o intuito de abrir horizontes, explorar potenciais, despertar curiosidades e interesses por diversas áreas tanto nas crianças e jovens do país, como nos dos seus pais e familiares”, refere Inês Fernandes, Coordenadora e Gestora de Voluntariado e de Operações de Terreno.

Uma das várias equipas de voluntários que passam pela fundação.

Inês, fez parte da STAR JE enquanto estudante da UBI, e quando surgiu a necessidade de melhorar a presença digital e renovar o nosso website da fundação, a coordenadora sugeriu a STAR Júnior Enterprise por reconhecer a excelência e rigor com que desenvolvem os seus serviços e era a empresa que mais se assemelhavam ao que pretendiam.

O projeto entre a  STAR JE e a FCJ, resultou numa proposta de responsabilidade social, visto que é uma associação sem fins lucrativos. Inês menciona que a Star conseguiu sempre perceber quais as alterações pretendidas e exatamente o que a fundação queria. Durante todo o projeto foram mantendo uma comunicação próxima, o que foi crucial para conseguirem concluir o projeto exatamente como o tínhamos idealizado, ainda declara que a STAR executou o seu trabalho com rigor, excelência, compreensão e qualidade. 

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