O braço de ferro entre os médicos e o governo parece não ter fim. Depois de uma greve nos dias 17 e 18 de outubro, os médicos cumpriram mais dois dias de paralisação que terminaram a 15 de novembro. De acordo com a FNAM (Federação Nacional dos Médicos), a nível nacional a adesão à greve foi de 85%, enquanto o Ministério da Saúde (MS), indica cerca de 30%.
Na Covilhã, durante a greve de outubro, nem todos os utentes estavam a par da paralisação dos médicos, mas mesmo com mau tempo, arriscaram a deslocação. Catarine Gama, acompanhou o marido numa consulta que já estava “marcada há muito tempo”, porém notou que “o hospital estava bem mais cheio que o normal”, o que fez com que as pessoas estivessem “mais tempo à espera de serem consultadas”.
Iolana Santos, também conseguiu realizar o exame que tinha marcado, e salienta que “a nível de saúde, [a greve] afeta muitas pessoas porque, entretanto, aglomeram-se as consultas. Mas também, por outro lado, os médicos têm razão, porque merecem mais do que ganham”. Vai mais longe e diz que o Governo deve tomar medidas “para que os médicos sejam mais remunerados, porque é um bom trabalho que dão à sociedade, portanto merecem o seu reconhecimento e, além disso, fazem ‘n’ horas”.
Na proposta apresentada aos sindicatos, o Ministério da Saúde propõe um suplemento de 500 euros mensais para médicos que realizam urgências e a possibilidade de optarem pelas 35 horas semanais. Em resposta, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), classifica a proposta apresentada pelo Governo como “desrespeitosa” e anuncia que vai prolongar a paralisação total ao trabalho suplementar, iniciada a 24 de julho, até dia 24 de novembro.
Em comunicado, a FNAM explica que, em virtude da crise política, a reunião de 8 de novembro ainda não foi reagendada, numa altura em que “o SNS está em grande agonia, com encerramento e caos instalados nos serviços de urgência de norte a sul do país, por falta de médicos”. Na sexta-feira, a FNAM vai reunir em Bruxelas com eurodeputados e a Comissária para a Saúde, Stella Kyriakides, para apresentar um “retrato da situação dramática que se vive na saúde em Portugal” e “as soluções da FNAM para que se recupere, com urgência, a carreira médica e o SNS”.