“Todos temos cérebros ansiosos”

Ana Santos esclarece os sintomas da ansiedade.
As preocupações e o isolamento social são causas que potenciam o desenvolvimento de ansiedade. Já a interpretação, exposição e aceitação são estratégias que reduzem a sua evolução.

Afinal o que é a ansiedade? A especialista em psicologia clínica e saúde, Ana Santos explicou no passado dia 7 de março na Biblioteca Municipal da Covilhã, que é uma emoção comum e normal, inerente à espécie humana. Este mecanismo de sobrevivência, que apenas se ativava perante situações de perigo, passou a desenvolver-se devido a uma série de pensamentos, expectativas, desejos e ambições da humanidade. Contudo, “a ansiedade em diferentes cérebros e cabeças tem diferentes intensidades de manifestação”. Associada a esta reação, os indivíduos podem manifestar sintomas físicos e comportamentais, tais como, inquietação mental, secura da boca, irritabilidade permanente e inclusive um estreitamento da atenção. O foco encontra-se na própria pessoa, desconectando-se do mundo exterior.

A convidada, na palestra mensal do projeto “Estar a Par”, revela que se considera perturbação de ansiedade quando um medo grave tem impacto na vida do ansioso, com duração de mais de seis meses. Nas crianças há medos e fobias, como o escuro e os cães, que são transitórias entre os 3 e 9 anos de idade. Quando passam para a vida adulta é um indício de perturbação. Para o evitar, a psicóloga diz que “a comunicação é a chave” e os pais devem preparar os filhos com antecedência para eventuais ameaças.

A intervenção profissional, através de terapias de 3ª geração, procura encontrar os valores e motivações de quem sofre desta patologia. A ideia é que os indivíduos se autoconheçam, visto o tratamento mais eficaz ser a aceitação juntamente com a exposição. Para Ana os pacientes “devem ter uma espécie de porquinho mealheiro” no qual se relembrem de sucessos anteriores, pessoas e momentos significativos. Além de uma boa gestão de tempo e hábitos saudáveis capazes de diminuir ou prevenir condutas ansiosas.

Já em situações de ataques de pânico, quem ajuda deve manifestar empatia, tolerância e se necessário reencaminhar o indivíduo aos serviços de saúde.

Marta Miguel, educadora de infância e portadora de ansiedade confessou que “nunca é demais ouvir mais alguns exemplos de como abordar a situação em escola, família e sociedade”. Disse ainda que pode deparar-se “com uma pessoa que esteja a vivenciar um ataque de pânico” e como membro de uma sociedade deve saber como atuar.

O projeto “Estar a Par”, oferecido pelo Município da Covilhã, promove a literacia em saúde, capacitação e empoderamento à comunidade com programações de janeiro a junho, sobre os principais temas sociais da atualidade.

A próxima sessão será sobre o sono infantil, no dia 11 de abril, com mediação da pediatra Leonor Salicio.

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