Troca-a-Tod@s dinamiza economia solidária com moeda social

Criado em 2014, o projeto Troca-a-Tod@s promove a troca de produtos, serviços e saberes entre cidadãos, utilizando uma moeda social, o Tear, como ferramenta para fortalecer a economia local, aprimorar relações humanas e incentivar práticas de consumo mais conscientes e sustentáveis.

O projeto Troca-a-Tod@s nasceu em 2014 com a vontade de repensar a economia a partir das pessoas, dos seus saberes e da valorização da vida em comunidade. Inicialmente criado como um espaço de reflexão sobre os princípios da economia solidária, o grupo evoluiu rapidamente para uma rede ativa de trocas, com base em práticas de consumo consciente, sustentável e responsável.

Hoje, o Troca-a-Tod@s reúne prossumidores/as, ou seja, pessoas que assumem simultaneamente os papéis de produtores e consumidores, que trocam entre si bens, serviços e conhecimentos, com ou sem mediação da moeda social criada no seio do projeto: o TEAR. Esta moeda alternativa serve como instrumento de mediação e valorização da troca, permitindo às pessoas oferecerem o que sabem ou têm e acederem ao que precisam, fora da lógica do mercado convencional.

“A feira tem importância porque chama a atenção das pessoas para o consumo dos produtos locais” refere Graça Rojão, responsável pela dinamização do projeto. “Prolongar a vida dos bens também é uma coisa muito importante do ponto de vista ecológico e económico. Também é um espaço de convívio, temos concertos e oficinas de aprendizagem por exemplo.”

O projeto conta atualmente com um grupo ativo no Facebook, com cerca de 450 participantes, onde se organizam trocas, se divulgam iniciativas e se constroem pontes entre as pessoas. Paralelamente, o Troca-a-Tod@s promove feiras comunitárias trimestrais. Estas feiras são momentos de encontro e celebração, onde se partilham não só produtos e serviços, mas também experiências, saberes e afetos.

“Não se trata apenas de uma economia alternativa. Trata-se de outra maneira de estar no mundo”, afirma João Gouveia, participante habitual nas feiras. “Nas trocas, sinto que aquilo que faço tem valor real. E é muito gratificante perceber que posso obter o que preciso através da cooperação, sem depender sempre do dinheiro.”

As feiras do Troca-a-Tod@s são organizadas de forma colaborativa, com espaços para a troca, bancas de produtos locais, oficinas temáticas, partilha de alimentos, música e momentos de convívio. Cada edição assume um carácter único, consoante a energia e as propostas dos participantes.

“Há uma dimensão profundamente humana neste projeto”, partilha Sílvia Andrade, que entrou na rede em 2020. “Aqui, não há apenas transações: há relações, confiança, apoio mútuo. É um lugar onde as pessoas se encontram, aprendem umas com as outras, e constroem possibilidades reais de transformação.”

O Troca-a-Tod@s tem vindo a afirmar-se como uma referência na promoção da economia solidária, local e participativa, desafiando a lógica do consumo acelerado e apostando na criação de redes de proximidade e cuidado. Em tempos marcados por crises económicas e ambientais, esta iniciativa mostra que outras economias são não só possíveis, como já estão a acontecer, feitas de trocas, de pessoas, e de um profundo respeito pela vida em comum.

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