“Eu também sou do concelho do Fundão, andei numa Escola Primária aqui perto e sou cientista. Vocês sabem o que é um cientista?”. Começava com uma pequena apresentação, seguida de uma pergunta, a sessão que Marília Figueira dinamizou na Escola Básica Serra da Gardunha. A licenciada e mestre em Ciências Biomédicas e doutorada em Biomedicina pela Universidade da Beira Interior (UBI) deixou, por umas horas, os laboratórios do Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS-UBI) para explicar o seu trabalho a alunos do 1.º Ciclo do Ensino Básico, no âmbito do Programa Cientista Regressa à Escola, da Native Scientists.
“É uma pessoa que quer descobrir mais sobre o mundo”, foi umas das respostas das crianças à questão colocada, que, logo de seguida, ficaram a saber que “todos podem ser cientistas” se tiverem curiosidade em perceber como é que as coisas do mundo funcionam. “Eu hoje vou falar sobre ser cientista na área da saúde, mas vocês podem ser investigadores e descobrir novas fórmulas matemáticas ou novos átomos. Depende dos gostos”, lembrou Marília Figueira.
A investigadora foi a primeira participante da UBI no Programa Cientista Regressa à Escola, desafio ao qual aderiu pela importância que representa incentivar o contacto das crianças com esta atividade de produção de conhecimento.
“Há uns anos, com a idade deles, não fazia a mínima ideia do que era um cientista ou que era possível fazer ciência em Portugal. Se eles contactarem com pessoas que o fazem, podem sentir-se inspirados para colocarem a hipótese de serem cientistas no futuro”, salientou no final da sessão da manhã. De tarde, estaria com outra turma do mesmo escalão.
Na visita à escola situada no Fundão, Marília Figueira tinha um desafio acrescido. A trabalhar na área do cancro da próstata, teve de ajustar a mensagem à faixa etária e aos conhecimentos destes estudantes do 4.º ano.
A investigadora da UBI aproveitou o tema para explicar, de forma interessante, o funcionamento de células e hormonas, por exemplo, e, no final, deixar uma mensagem fundamental para os mais novos: os hábitos de vida saudáveis são muito importantes para evitar muitas doenças, incluindo o cancro.
“Tentei pôr-me no lugar deles e pensar no que eu, com esta idade, já sabia e como gostava que me explicassem as coisas”, referiu, depois de ter apresentado um conjunto de experiências simples, mas dinâmicas, com recurso a peças de Lego, pipetas e tubos de ensaio, entre outros materiais. O entusiasmo da turma foi revelador do sucesso da iniciativa.
Esta foi mais uma ocasião para a investigação da UBI dar a conhecer o seu trabalho, como acontece ao longo de praticamente todo o ano, seja na organização de atividades dirigidas à comunidade externa, ou através da organização de visitas às instalações de diversos laboratórios e salas de aula da academia.
Desta vez, inserida no Cientista Regressa à Escola, da organização Native Scientists, que visa “ampliar os horizontes das crianças, promover a literacia científica e o ensino superior e combater estereótipos relacionados com a ciência e cientistas”, como explica na sua página online.
Hélder Vilarinho, docente do Departamento de Matemática UBI, é o próximo, no dia 30 de abril. As oficinas do investigador do CMA – Centro de Matemática e Aplicações irão decorrer em duas escolas básicas do concelho de Valença, de onde é natural.
Para a sessão de Marília Figueira a entidade financiadora foi a Fundação Belmiro de Azevedo e a de Hélder Vilarinho terá o apoio da Câmara Municipal de Valença.