“Acabar com a estigmatização linguística” a propósito do português em Angola

David Paul Gerards do departamento de Línguas Românicas da universidade Johannes Gutenberg de Mainz

David Paul Gerards, do departamento de Línguas Românicas da universidade Johannes Gutenberg de Mainz, na Alemanha, participou no seminário em que discutiram o problema da normalização do português angolano em Angola. O evento decorreu, nesta terça, na UBI e foi organizado Paulo Osório, professor de linguística, no âmbito da Unidade Curricular de Políticas Linguísticas do Português no Mundo Lusófono.

Durante a apresentação, David Gerards defendeu que o português prevê um aumento do número de falantes, no entanto, em Angola existem duas variedades que estão em “conflito”, o português endógeno, visto como de baixo prestígio e o português exógeno, língua europeia e de alto prestígio.

Esse “conflito” é marcado pelo crescimento do português endógeno, em que muitos jovens estão cada vez mais a preferir falar a variante brasileira do português, em detrimento do português europeu.

Essa normalização do português endógeno, pode constituir um problema, já que apresenta menos redução vocálicas, perda de congruência entre sujeito e verbo, sincretismo do imperativo afirmativo e negativo, as omissões do artigo definido, marcação número única na margem esquerda do sintagma nominal, perda da oposição acusativa/ dativo da 3ª pessoa, supressão de consoantes, partículas reflexivas ao invés de pronomes reflexivos, próclise generalizada e ausência da subida clítica.

David Gerards, explica que este evento é importante para os alunos e que é preciso acabar com a estigmatização linguística.

Para Paulo Osório este seminário ajudará os alunos a conhecerem melhor o percurso e desafios atuais do português de Angola.

No final do evento, David Gerards, também apontou para o problema da escolha da norma do português de Angola, não se sabendo ainda quais fenómenos serão incluídos ou não.

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