Casa Moura abre Estrutura de Acolhimento Temporário para 25 refugiados

O primeiro grupo com 19 pessoas, na sua maioria estudantes deslocados pela guerra na Ucrânia, instala-se no centro de acolhimento a que, temporariamente, poderão chamar de “casa” e onde encontram apoio para se preparar para uma nova vida.

No dia 05 de junho, a Mutualista Covilhanense recebe na Casa Moura os primeiros acolhidos pela nova valência de Estrutura de Acolhimento Temporário (EAT). O primeiro grupo a chegar já estava em Portugal e foi encaminhado pelo Instituto de Segurança Social. A maioria deles são estudantes que vieram da Ucrânia logo que a guerra começou.

O edifício está localizado na avenida de Santarém, onde se encontra o Balcão de Apoio ao Migrante da Mutualista e que até dezembro de 2022 foi uma Casa de Acolhimento para Crianças e Jovens Estrangeiros Não Acompanhados.

A mudança na valência do espaço surgiu da necessidade sinalizada pelo Instituto de Segurança Social de acolher os refugiados da guerra na Ucrânia, mas também atende vítimas de tráfico humano. O primeiro grupo a chegar era composto por 18 pessoas, a que se somaram outras seis poucos dias depois.

O público atendido hoje na Casa Moura possui um perfil diferente dos estrangeiros acolhidos anteriormente. De acordo com Paula Pio, coordenadora do Departamento de Inovação Social e das Migrações da Mutualista Covilhanense, os refugiados da Ucrânia possuem “percursos de vida mais ou menos orientados” e, por isso, o objetivo da nova estrutura da Casa Moura é “facilitar o caminho” dos recém-chegados.

A rotina dos estudantes “permanece em assistir às aulas, mesmo com a mochila às costas e em deslocamento”, facto que surpreende a coordenadora e motivou adaptações que não estavam previstas no edifício. “Neste momento, sentimos a necessidade de criar espaços para aqueles que trabalham online e uma sala de estudo para aqueles que estão a acompanhar as aulas online.”

Entre os estudantes, há aqueles que estudam Medicina e Medicina Dentária na Ucrânia. Apesar da situação de conflito que o país vivencia, as aulas continuam de forma remota. A instituição, por sua vez, busca proporcionar “um ambiente favorável para os estudos” e “envolver a universidade e tentar que eles possam estar integrados em algum ambiente mais académico”.

Casa Moura abriga Estrutura de Acolhimento Temporário (EAT). Foto: Mutualista Covilhanense.

Entre os refugiados da guerra, convivem também pessoas resgatadas de redes de tráfico humano. Estes possuem necessidades diferentes dos estudantes, revela Paula Pio, “estamos a fazer o balanço de competências e do currículo deles para encontrar possíveis saídas profissionais para essas pessoas através do WorkLab.”

Apesar de abrigar públicos com histórias e trajetórias diferentes, “há um sentimento de partilha da casa” na convivência entre eles, assinala a coordenadora. “Há bastante respeito e isto é compensador para quem está a trabalhar com estes refugiados”.

A Casa Moura oferece uma resposta integrada aos migrantes, seja aos que estão na Estrutura de Acolhimento Temporário ou àqueles que chegam à Covilhã de forma autónoma. Segundo os dados do censo de 2021, havia na Covilhã 1163 estrangeiros legalizados. “Eu arrisco a dizer que isto deve ser cinco vezes mais, pois aqui estão excluídas todas as pessoas que estão em processo de legalização e que não estão legalizadas”, Paula Pio afirma com confiança acreditar que os números estejam “muito aquém daquilo que é a realidade”. Segundo a coordenadora, o Balcão de Migrantes atendeu “muito mais do que esses 1163 nos últimos anos”.

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