Entre fios e cores: uma viagem pelo têxtil

A iniciativa, que teve lugar na fábrica do Pisão Novo conhecida como A Transformadora, teve como objetivo mostrar o funcionamento dos equipamentos e as etapas de transformação dos tecidos.

No âmbito das celebrações do Dia dos monumentos e sítios, a Biblioteca Municipal preparou, no dia 18, uma visita guiada à Transformadora de Lãs.  Os estudantes da Escola do Teixoso puderam ver uma instalação fabril equipada com máquinas modernas para fazer a lavagem e acabamento de tecidos de uma forma sustentável.

A primeira sensação que os alunos tiveram foi o cheiro e o barulho na fábrica.  A curiosidade saltou à vista e perguntaram o porquê de a indústria se situar numa ribeira. Num piscar de olhos, descobriram que a água era uma fonte de energia que movia as máquinas antes de surgir a automatização.

Adosinda Farias, responsável pela secção da tinturaria “desde que entra a amostrinha que o cliente quer fazer até ao produto final”, explicou que fazem tingimentos de uma grande variedade de matérias-primas, como poliéster, lã ou algodão. O processo pode ser feito em tecidos em corda, ramas ou em fios. Ainda que tenham tingimentos tradicionais, certos produtos são preparados com corantes naturais, extraídos da natureza, por não serem tão poluentes. A Transformadora preocupa-se com a sustentabilidade e pretende “ser amiga do ambiente”, diz. Para além desse ganho, a empresa ainda poupa água e eletricidade.

Parte dos fios tingidos são direcionados para a fabricação de mantas. Já o burel, por ser um tecido grosso, feltrado e resistente ao fogo, é utilizado para vestuário, decoração e arquitetura. Quando recebem encomendas dos clientes, fazem um estudo de cores consoante as fibras e temperaturas de modo a terem uma gama alternativa. Com 21 anos de experiência, Adosinda diz que este é um trabalho “que se gosta ou não gosta” visto ser desafiador, barulhento, capaz de reproduzir complicações de saúde.

Além de “pintar” tecidos, lavá-los é um processo fundamental. Segundo Susana Antunes, engenheira, quando os panos são transportados para a fábrica “muitas vezes chegam sujos e sem acabamentos”. São tecidos em xerga, que precisam de lavados para remover qualquer tipo de sujidade e preparados para o procedimento seguinte. As fazendas são submetidas a outras técnicas: a centrifugação elimina o excesso de água e garante uma secagem rápida e eficiente, e a “percha” adiciona volume e suavidade.

Após a secagem, os profissionais passam para a fase final. O acabamento resulta na inspeção dos defeitos dos tecidos para tirar manchas ou rasgos, conferindo-lhes características fundamentais como qualidade ao toque e à textura.

A empresa que segue o legado da conhecida “Manchester Portuguesa” acredita que as indústrias têxteis devem adotar uma perspetiva ecológica. Desta forma, protegem-se os recursos naturais que são cada vez mais escassos.

O próximo encontro está marcado para o dia 20 com o intuito de recordar o passado e conhecer o presente da Fábrica de Lanifícios Júlio Afonso (New Hand Lab).

Pode ler também