Projeto RuraLTHINGS arranca em parceria com os municípios do Fundão e Pinhel

O projeto cruza monitorização de saúde e Bem-Estar com Internet das Coisas e vai ser testado em 10 habitações de cada um dos concelhos.

O projeto RuraLTHINGS já iniciou o trabalho de investigação que pretende criar um “Sistema Inteligente para Monitorização da Saúde e Bem-Estar em Áreas Remotas com IoT”, que será aplicado em dois concelhos da região, durante a fase de teste.

A reunião de apresentação e Kickoff do projeto juntou os elementos da equipa – docentes e investigadores da Universidade da Beira Interior (UBI) – e os representantes dos municípios parceiros do projeto – Fundão e Pinhel, que irão beneficiar de dados sobre as condições de habitabilidades das populações. O teste-piloto abrange 10 habitações de cada um destes territórios, colocando o estudo num elevado grau de ligação à comunidade envolvente da UBI.

Com o Fundão, esta não é a primeira experiência no âmbito da monitorização residencial, e o representante da autarquia no encontro, Ricardo Gonçalves, agradeceu esta nova participação num trabalho que envolve a UBI e o Departamento de Informática.

Para a Câmara de Pinhel, de acordo com a vice-presidente, Daniela Capelo, o projeto tem uma grande pertinência. Os resultados podem contribuir para uma nova perspetiva relativamente a uma preocupação do município, que se relaciona com a prevalência de doenças oncológicas.

O RuraLTHINGS foca-se na investigação e desenvolvimento de um ecossistema de soluções baseadas no paradigma de IoT, a aplicar em zonas rurais e remotas. Nas habitações que farão parte do projeto será monitorizada, em tempo real, a presença de níveis perigosos de monóxido e dióxido de carbono, gás radão e outras substâncias nocivas. O objetivo é proteger a saúde dos moradores dessas regiões, contribuindo para a prevenção de doenças, como o cancro do pulmão.

Entre os resultados esperados estão um novo sistema IoT para monitorização inteligente de indicadores como temperatura, humidade e gás radão, além de avanços em detetores ativos de radão e infraestruturas e protocolos de comunicações. Também se propõe gerar significativos “outputs”, incluindo doutoramentos, mestrados e artigos científicos.

O projeto terá a duração de três anos e um investimento de cerca de 250 mil euros, que conta com o apoio do Programa Promove, da Fundação “la Caixa”.

Durante a reunião de lançamento do projeto, que teve lugar a 25 de outubro na UBI, o investigador coordenador do projeto, Bruno Silva, deu a conhecer grande parte do que se pretende alcançar. São esperados impactos diretos e indiretos na melhoria da qualidade de vida das populações, redução de habitações com concentrações elevadas de gás radão e conscientização sobre riscos ambientais, o “RuraLTHINGS” visa transformar a saúde e bem-estar em zonas rurais. Deste trabalho poderão beneficiar residentes, prestadores de cuidados de saúde, municípios e empresas tecnológicas.

A equipa do projeto tem a mais-valia de ser constituída de forma multidisciplinar, integrando Bruno SilvaNuno Pombo e Pedro Inácio (Departamento de Informática), Sandra Soares (Departamento de Física) e João Castro Gomes (Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura). Estes investigadores são, respetivamente, membros dos centros de investigação Instituto de Telecomunicações (IT-Covilhã), Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas e Centro de Materiais e Tecnologias da UBI (C-MADE).

Na reunião inaugural, a Vice-Reitora para a área da investigação, Sílvia Socorro, destacou três dos aspetos que considerou mais relevantes: a qualidade da proposta, a multidisciplinaridade da equipa e a ligação ao território.

“Este projeto tem duas características que considero fundamentais: elementos multidisciplinares – de informática, de física e de engenharia civil – e ter conseguido aprovação num concurso altamente competitivo, que também representa a investigação de altíssima qualidade que temos”, afirmou Silvia Socorro. “Há ainda a estreita ligação aos municípios e a tentativa de resolver problemas locais. Esta associação ao território é uma mais-valia e estamos abertos a outras iniciativas”, disse. Dirigindo-se aos autarcas locais, concluiu: “Quando tiverem alguma questão, desafiem a UBI. Porque conseguimos dar resposta em quase todas as áreas. Se não conseguirmos em alguma específica, podemos ajudar com orientação para terem as respostas de que necessitam”.

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