“É com satisfação que vejo a UBI ser cada vez mais reconhecida”

Natural do concelho vizinho do Fundão, foi na Covilhã e na UBI que potenciou, através da Arquitectura, o seu gosto antigo pelas artes. Ativo na academia, Igor Costa foi presidente do núcleo do curso durante dois anos, tendo percebido desde cedo a importância do trabalho em equipa, o que depois da experiencia adquirida no mercado de trabalho, lhe permitiu, em 2018, fundar o seu próprio estúdio criativo.

Urbi et Orbi: Porquê Arquitectura e porquê na UBI?

Igor Costa: O gosto pelas artes começou muito cedo. Desde que me lembro sempre gostei de desenhar e ao longo do percurso académico foi crescendo uma forte paixão pela Arquitectura, pelo seu encanto de juntar a arte e a funcionalidade, mas também o planeamento do futuro, projectando espaços que as pessoas pudessem usufruir.
A UBI não foi a primeira experiência no curso de Arquitectura. Mas por razões diversas, acabei por fazer um novo ingresso ao Ensino Superior, e Arquitectura na UBI foi a primeira e única aposta que fiz. Eu já conhecia o ambiente académico na Covilhã, visto que sou de um concelho vizinho, mas percebi que o curso que almejava necessitaria de uma maior diversidade de temáticas, nomeadamente, Engenharia Civil, e à data, o curso de Arquitectura da UBI tinha uma forte componente de Engenharia Civil, o que preparava os arquitectos aqui formados para as problemáticas da execução da construção.

 

U@O: O que recorda dos tempos da UBI?

IC: Recordo as pessoas, desde professores a colegas de curso, mas sobretudo, recordo o espírito académico, esse é que fundava as bases de amizades fortes e duradouras não só na UBI, mas com gentes da Covilhã, que sabem acolher aquela população jovem, que vem em busca de um sonho. Também recordo as experiências associativas, nomeadamente, no Núcleo de Arquitectura (NAUBI), onde tive oportunidade de contribuir para formação da comunidade académica ao longo de dois anos, como presidente, juntamente com 20 pessoas que ainda hoje admiro pela dedicação que tiveram nesses dois mandatos, para ajudarem a valorizar o nome da instituição e do curso de Arquitectura.

 

U@O: O que é que a UBI e a Covilhã têm de especial em relação a outros meios académicos?

IC: O factor que torna ambas especiais em relação a outros meios académicos é precisamente a relação intrínseca entre as duas, a UBI respira Covilhã e vice-versa. Na comunidade académica há um ambiente de entreajuda que é notável, não só entre colegas, mas entre cursos, o que promove o desenvolvimento de todos. No interior, a UBI é um oásis para quem pretende seguir um percurso universitário, e isso vê-se na diversidade da origem dos seus alunos, que adoptam a Covilhã como lar. Para qualquer aluno deslocado, a Covilhã é uma cidade acolhedora e com um baixo custo de vida em comparação com outros meios académicos.

 

U@O: Como tem acompanhado a evolução da UBI e da Covilhã desde os seus tempos de estudante até aos dias de hoje?

IC: É com satisfação que vejo a UBI ser cada vez mais reconhecida, não só em Portugal, como internacionalmente, e os maiores impulsionadores desse reconhecimento são os antigos alunos, que na sua diáspora, demonstram a qualidade da formação que receberam na UBI. A menção de profissionais formados na UBI em concursos internacionais, ou a divulgação de investigações de referência feitas na UBI, são motivos de muito orgulho para qualquer pessoa que tenha sentido o que é estudar numa universidade periférica, e que faz o seu caminho de forma sóbria mas efectiva na formação de profissionais e pessoas. A Covilhã cresce com o desenvolvimento da universidade, e desde que terminei o curso, pode dizer-se que a Covilhã tem rejuvenescido a um ritmo alucinante, apenas possível pelo ritmo que o motor da cidade impõe.

 

U@O: Como tem sido o seu percurso profissional desde que saiu da UBI até hoje?

IC: Passado pouco tempo de sair da UBI, fui contratado para uma empresa de Engenharia da região que estava em expansão internacional e que queria desenvolver o departamento de Arquitectura internamente para chegar a vários mercados de forma mais incisiva. Integrei os quadros desta empresa até final de 2017, onde fui autor e coordenador de vários projectos públicos e privados. Com a expansão dessa empresa tive a oportunidade de desenvolver projectos de diversas dimensões e tipologias, nos cinco continentes. Em 2018, fundei o estúdio criativo IC Point Creative Solutions, onde procuramos desenvolver uma visão inovadora da Aarquitectura que, em perfeita simbiose com a Engenharia e com o Design, desenvolve soluções de excelência, pragmáticas e contextualizadas, criando respostas positivas aos desafios e paradigmas contemporâneos. Desde então temos desenvolvido projectos públicos e privados por todo o país. Mais recentemente fui eleito para o Conselho Diretivo Regional da Ordem dos Arquitectos, onde pretendo contribuir com a minha experiência associativa e profissional na área para melhorar as condições de exercício da profissão de arquitecto.

 

U@O: Que conselhos daria a um aluno de Arquitectura da UBI para vingar nesta área?

IC: A Arquitectura é uma área multidisciplinar. Por esse motivo, deves adquirir conhecimentos em muitas outras áreas, desde as mais práticas às mais teóricas. Para se vingar nesta área também é preciso perceber que nada é estanque, e que devemos estar sempre atentos ao mundo de forma curiosa, analisar e interpretar com espírito crítico, pois cada projecto requer conhecimentos diferentes, e responderás melhor aos anseios do cliente, quanto maior for a tua experiência de utilização dos espaços e quanto maior o conhecimento na área específica para a qual vais projectar.
Mas o segredo para os clientes nos confiarem a missão de projectar os seus sonhos é a capacidade de trabalharmos com honestidade, humildade e rigor. Assim, podes não conseguir um projecto de “revista”, mas consegues ganhar o respeito do mercado.

 

Nome: Igor Costa
Naturalidade: Fundão
Curso: Arquitectura
Ano de entrada na UBI: 2007
Filme preferido: “Inception”
Livro preferido: “Ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago

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