Urbi et Orbi: Porquê Gestão de Empresas e porquê na UBI (à data, Instituto Politécnico da Covilhã)?
José Carmindo Ramos: Gestão, porque eu tirei no Secundário o curso de Comércio e o curso universitário surge nessa sequência. Na verdade, eu tinha a documentação toda pronta para ir para o Porto, mas entretanto abriu o curso e eu rapidamente apresentei os papéis e acabei por ser o primeiro a entrar aqui.
U@O: E como é ser o aluno número um desta instituição?
JCR: Claro que acaba por ser um privilégio ser o primeiro aluno da instituição, mas não tiro disso partido nenhum. É uma certa coincidência, mas é engraçado que agora seja assim tão destacado. Nem faço nada por isso e até me parece melhor passar despercebido, já que sou mais reservado. Mas, enfim, foi uma feliz coincidência e foi uma aposta que eu fiz, deixar o Porto para entrar aqui.
U@O: E valeu a pena a aposta?
JCR: Valeu a pena. A minha vida está toda feita aqui agora.
U@O: O que recorda dos tempos do então Instituto Politécnico da Covilhã?
JCR: Recordo que eram umas turmas muito interessantes, era um pessoal muito responsável e que acabava por levar tudo muito a sério. Depois, lembro-me que entre nós nos dávamos bastante bem e que ainda hoje se mantém essa união. Fazíamos muitas noitadas de estudo aqui dentro. Lembro-me também que os professores catedráticos vinham de Lisboa e de Coimbra, que cá ainda não tínhamos professores catedráticos. Para nós era uma situação que era novidade.
U@O: Há algum professor que o tenha marcado particularmente e que queira destacar?
JCR: O Doutor Fernando de Jesus, por exemplo, pela facilidade com que ele apresentava as matérias, era uma coisa impressionante. Depois também me lembro da Doutora Celeste Panarra, que era muito boa professora. Enfim, não vale a pena estar a distinguir muitos, porque eles eram todos de muita qualidade, acho que beneficiámos dos saberes deles durante muitos anos.
U@O: E que ensinamentos levou desses tempos de estudante para a sua vida?
JCR: Esta instituição, sobretudo o nosso curso, estava muito vocacionada para a prática. Acabávamos por ter um ensino desafiante, muitos casos práticos, baseávamo-nos muito em casos americanos que fizeram sucesso. E isso era o que fazia a diferença na minha opinião, e foi isso que nos catapultou cá para fora. Inclusivamente, há muitos colegas meus que têm grandes empresas neste momento.
U@O: Como tem acompanhado a evolução da UBI e da Covilhã desde os seus tempos de estudante até aos dias de hoje?
JCR: Ninguém esperava esta evolução da UBI. Mesmo nós, quando entrámos, dificilmente faríamos uma ideia que a UBI chegasse tão longe. Acreditamos nela, inclusivamente já por cá passaram as minhas duas filhas, também em Gestão. Parece-me que o efeito que ela teve na cidade e em toda a zona envolvente é de louvar e não sabemos onde é que vai chegar. Acho que é um motor de toda a Beira Interior.
U@O: Como tem sido o seu percurso profissional desde que se formou?
JCR: Eu fui 33 anos professor, no 2.º ciclo e no Secundário, mas tive sempre paralelamente uma empresa. Quando fiz 55 anos saí do ensino e dediquei-me inteiramente à empresa, da área da Agricultura.
U@O: Que conselhos poderia deixar a um atual aluno da UBI para vingar na sua área?
JCR: Eu acho que eles saem bastante bem preparados. Qualquer aluno que daqui saia leva ferramentas suficientes para desenvolver lá fora. O que importa, e isso não me parece problema, é que para além das ferramentas haja muito trabalho. Nada se consegue sem muito trabalho e muito sacrifício. Por isso, eles têm tudo para fazer o que quiserem dentro das suas áreas de estudo. É importante o trabalho, a persistência e, claro, um pouquinho de sorte.
Nome: José Carmindo Ramos
Naturalidade: Figueira de Castelo Rodrigo
Curso: Gestão de Empresas
Ano de entrada na UBI: 1973
Filme preferido: “O perigo vem do Oeste”
Livro preferido: “Conversando com o Inimigo”, de Henrique Cymerman
Hobbies: Jardinagem